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Comentário de Romanos

Comentário de João Calvino no livro de Romanos.

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84 • Comentário <strong>de</strong> <strong>Romanos</strong><br />

28. Além do mais, visto que <strong>de</strong>sprezaram o conhecimento <strong>de</strong><br />

Deus, este os entregou a uma disposição mental reprovável. À luz<br />

<strong>de</strong>stas palavras, é mister que notemos bem a referência que felizmente<br />

reitera a justa relação existente entre pecado e punição. Visto<br />

que <strong>de</strong>sprezaram o conhecimento <strong>de</strong> Deus, o único [elemento] que<br />

guia nossas mentes à genuína sabedoria, o Senhor os entregou a uma<br />

mentalida<strong>de</strong> pervertida, a qual não consegue escolher nada distintamente.<br />

43 Ao afirmar que <strong>de</strong>sprezaram, o apóstolo quer dizer que não<br />

buscaram o conhecimento <strong>de</strong> Deus com aquela atenção que <strong>de</strong>veriam<br />

ter <strong>de</strong>monstrado, mas que, ao contrário, <strong>de</strong>liberadamente <strong>de</strong>sviaram<br />

seus pensamentos <strong>de</strong> Deus. O que o apóstolo preten<strong>de</strong> dizer, pois, é<br />

que, mediante uma escolha pervertida, preferiram suas próprias futilida<strong>de</strong>s<br />

em vez <strong>de</strong> Deus. Conseqüentemente, o erro pelo qual foram<br />

con<strong>de</strong>nados foi <strong>de</strong> sua própria escolha.<br />

Para praticarem coisas inconvenientes. Como Paulo até aqui se<br />

referiu a um único exemplo execrável, o qual era comumente praticado<br />

por muitos, porém não por todos, ele começa, aqui, enumerando<br />

os vícios dos quais ninguém se vê livre. Como já dissemos, mesmo que<br />

todos os vícios não apareçam num só indivíduo, todavia todos os homens<br />

são cônscios <strong>de</strong> alguma conduta indigna, e assim todos po<strong>de</strong>m<br />

43 Há uma correspondência entre as palavras οὐκ ἐδοκίμασαν, não aprovar ou não achar<br />

digno, e ἀδοκιμον, reprovado ou indigno, que é conectada com νου̑ν, mente. O verbo significa<br />

tentar ou provar uma coisa, como metal pelo fogo, então distinguir entre o que é<br />

genuíno ou diferente, e também aprovar o que é bom e valioso. Aprovar, ou pensar ser<br />

conveniente ou digno, parece ser o significado aqui. Derivado <strong>de</strong>sse verbo é ἀδόκιμος,<br />

que se aplica ao dinheiro não aprovado ou adulterado – a homens não íntegros, inaptos<br />

a passar no teste, não genuínos como cristãos [2Co 13.5] – à terra que é ina<strong>de</strong>quada para<br />

produzir frutos [Hb 6.8]. A aliteração mais aproximada que, talvez, se po<strong>de</strong> apresentar é<br />

a seguinte: “E como não julgaram dignos <strong>de</strong> reconhecer a Deus, este os entregou a uma<br />

mente indigna”, ou, seja, uma mente incapaz <strong>de</strong> discernir entre o certo e o errado. Beza<br />

apresenta este significado: “Mentem omnis judicii expertem – uma mente <strong>de</strong>stituída <strong>de</strong><br />

todo juízo.” Locke: “mente não penetrante”; e Macknight: “mente reprovável”; e Doddridge:<br />

“mente sem discernimento”, não comunicam exatamente a idéia correta, ainda que a<br />

última se aproxime mais. É uma mente que não passa no teste, não capaz <strong>de</strong> conduzir as<br />

coisas ao teste – δοκίμιον, incapaz <strong>de</strong> distinguir entre as coisas da natureza mais clara.<br />

“Reconhecer a Deus” literalmente é “ter a Deus em reconhecimento – τὸν θεὸν ἔχειν ἐν<br />

ἐπιγνώσει”. Diz Venema que esta é uma expressão puramente grega, e faz alusão a passagens<br />

<strong>de</strong> Heródoto e Xenofonte; do primeiro, a seguinte frase: ἐν αλογιῃ ἔχειν – ter em<br />

<strong>de</strong>sprezo, isto é, <strong>de</strong>sconsi<strong>de</strong>rar ou <strong>de</strong>sprezar.

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