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Comentário de Romanos

Comentário de João Calvino no livro de Romanos.

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478 • Comentário <strong>de</strong> <strong>Romanos</strong><br />

34. Quem conheceu a mente do Senhor? Ele aqui começa a<br />

restringir a presunção humana, como se pusesse sua mão sobre os<br />

homens com o fim <strong>de</strong> <strong>de</strong>tê-los e impedi-los <strong>de</strong> murmurarem contra os<br />

juízos divinos. Ele faz uso <strong>de</strong> dois meios para restringi-los: primeiro,<br />

mantendo a tese <strong>de</strong> que todos os seres humanos se acham, por sua<br />

cegueira, completamente impedidos <strong>de</strong> fazer, por seu próprio critério,<br />

um <strong>de</strong>vido exame da pre<strong>de</strong>stinação divina (porquanto, discorrer sobre<br />

uma matéria cujo conteúdo nos é <strong>de</strong>sconhecido, outra coisa não<br />

é senão presunção e precipitação); segundo, argumentando que não<br />

temos nenhuma razão para nos queixarmos <strong>de</strong> Deus, visto que não há<br />

indivíduo que possa preten<strong>de</strong>r que Deus lhe seja <strong>de</strong>vedor. Ao contrário<br />

disso, todos se acham endividados em relação à liberalida<strong>de</strong> divina. 36<br />

Na verda<strong>de</strong>, <strong>de</strong>vemos todos lembrar <strong>de</strong> manter nossas mentes<br />

<strong>de</strong>ntro <strong>de</strong>stes limites, a saber: ao fazermos investigação sobre a pre<strong>de</strong>stinação<br />

divina, não ultrapassemos os oráculos <strong>de</strong> Deus, quando<br />

apren<strong>de</strong>mos que nesta matéria os homens não po<strong>de</strong>m discernir mais<br />

do que é possível a um cego na escuridão. Estas palavras, contudo,<br />

têm muito pouco suporte para que nossa fé não se <strong>de</strong>finhe, visto<br />

que ela não tem sua origem na perspicácia do intelecto humano, e<br />

sim, tão-somente na iluminação do Espírito. O próprio Paulo, ainda<br />

que afirme alhures que todos os mistérios divinos se acham muito<br />

além da compreensão <strong>de</strong> nossa capacida<strong>de</strong> natural, no entanto<br />

prossegue dizendo que os crentes compreen<strong>de</strong>m a mente do Senhor<br />

[1Co 2.12-16], visto que não receberam o espírito do mundo, e, sim,<br />

o Espírito que é outorgado por Deus, por meio <strong>de</strong> quem apren<strong>de</strong>m<br />

36 As palavras <strong>de</strong>ste versículo parecem ter sido extraídas literalmente <strong>de</strong> Isaías 40.13, como<br />

formuladas na Septuaginta. O hebraico é em alguma medida diferente, mas as palavras<br />

admitirão uma tradução que se aproxima mais do significado aqui do que a que é apresentada<br />

em nossa versão, como se segue:<br />

Quem pesou o espírito <strong>de</strong> Jehovah,<br />

E, sendo um homem <strong>de</strong> seu conselho, o instruiu?<br />

“Pesar o espírito” é conhecê-lo totalmente. O mesmo verbo kt é usado neste sentido em<br />

Provérbios 16.2; 24.12. Deveras significa computar por medida ou por peso; <strong>de</strong> modo<br />

que po<strong>de</strong> ser traduzido ‘medida’ e ‘peso’; e se adotarmos ‘medida’, então parecerá que<br />

“conhecer a mente do Senhor” é conhecer a extensão <strong>de</strong> seu entendimento ou conhecimento;<br />

uma idéia que notavelmente correspon<strong>de</strong> à passagem.

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