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Comentário de Romanos

Comentário de João Calvino no livro de Romanos.

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Capítulo 4 • 173<br />

Paulo? Dizem que temos <strong>de</strong> satisfazer a justiça divina por meio <strong>de</strong><br />

nossas obras para que obtenhamos o perdão <strong>de</strong> nossos pecados.<br />

Paulo, aqui, argumenta, ao contrário, que a justiça [proce<strong>de</strong>nte] da<br />

fé é gratuita e in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte das obras, visto que a mesma <strong>de</strong>pen<strong>de</strong><br />

da remissão <strong>de</strong> pecado. Seu argumento seria certamente falso caso<br />

fossem requeridas certas obras na remissão <strong>de</strong> pecado.<br />

As ridículas afirmações dos escolásticos acerca <strong>de</strong> uma meia-<br />

-remissão são igualmente refutadas pelas mesmas palavras <strong>de</strong> Davi.<br />

Eles <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>m o absurdo <strong>de</strong> que, embora a falta seja perdoada, o<br />

castigo é mantido por Deus. Mas o salmista <strong>de</strong>clara não só que nossos<br />

pecados são cobertos, ou, seja, removidos <strong>de</strong> diante <strong>de</strong> Deus, mas<br />

também acrescenta que os mesmos não são imputados. Como seria<br />

possível que Deus ainda exigisse o castigo referente aos pecados que<br />

ele não mais imputa? Permaneça, pois, conosco aquela gloriosa afirmação<br />

<strong>de</strong> que aquele que é purificado diante <strong>de</strong> Deus, pela remissão<br />

gratuita dos pecados, é justificado mediante a fé. Deste fato po<strong>de</strong>mos<br />

também <strong>de</strong>duzir a infindável permanência da justiça gratuita ao<br />

longo <strong>de</strong> toda nossa vida. Quando Davi, exaurido pelo prolongado<br />

tormento <strong>de</strong> sua consciência, dá vazão a esta <strong>de</strong>claração, ele está<br />

seguramente falando <strong>de</strong> sua própria experiência. Ele havia adorado<br />

e servido a Deus ao longo <strong>de</strong> muitos anos. Tendo feito gran<strong>de</strong> progresso,<br />

então finalmente experimentou a miséria <strong>de</strong> todos aqueles<br />

que são convocados a comparecerem diante do tribunal <strong>de</strong> Deus, e<br />

<strong>de</strong>clara que não há outro caminho <strong>de</strong> se alcançar a felicida<strong>de</strong> senão<br />

aquele em que o Senhor nos recebe em sua graça, não nos imputando<br />

nossos pecados. Dessa forma também se refuta a falácia daqueles<br />

que absurdamente imaginam que a justiça [proce<strong>de</strong>nte] da fé não<br />

passa <strong>de</strong> um ato inicial, e que <strong>de</strong>pois os crentes, por meio <strong>de</strong> suas<br />

obras, retêm a posse daquela justiça que inicialmente alcançaram<br />

sem quaisquer méritos propriamente seus.<br />

bertos’, porque são imundos e abomináveis aos olhos <strong>de</strong> Deus; e lemos que “não são<br />

imputados”, ou não são postos na conta, a fim <strong>de</strong> comunicar a certeza <strong>de</strong> que são totalmente<br />

removidos, e não mais serão lembrados.

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