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Comentário de Romanos

Comentário de João Calvino no livro de Romanos.

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358 • Comentário <strong>de</strong> <strong>Romanos</strong><br />

eleitos [Hb 1.14], porquanto Paulo, aqui, está argumentando a partir<br />

do pressuposto <strong>de</strong> coisas que possivelmente não nos acontecerão,<br />

como em Gálatas 1.8. É imprescindível que observemos bem, sobre<br />

este aspecto, quão indignas as coisas <strong>de</strong>vem parecer aos nossos<br />

olhos quando comparadas com a glória <strong>de</strong> Deus, visto ser-nos lícito<br />

ludibriar os próprios anjos com o propósito <strong>de</strong> <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>r a verda<strong>de</strong><br />

divina. 41 Pelos termos principados e potesta<strong>de</strong>s, 42 <strong>de</strong>vemos incluir<br />

também os anjos, os quais são assim <strong>de</strong>nominados em razão <strong>de</strong><br />

serem eles os mais proeminentes instrumentos do po<strong>de</strong>r divino.<br />

Estes dois termos foram adicionados para que, se a palavra anjos<br />

nos soasse <strong>de</strong> forma insignificante, então algo mais ficasse expresso.<br />

Po<strong>de</strong>-se preferir a seguinte interpretação: “Nem anjos, nem quaisquer<br />

outros po<strong>de</strong>res elevados que porventura existam.” Essa é a nossa<br />

maneira <strong>de</strong> expressar quando nos referimos a coisas que nos são<br />

<strong>de</strong>sconhecidas, as quais exce<strong>de</strong>m à nossa compreensão.<br />

Nem coisas do presente, nem coisas do porvir. Embora Paulo<br />

esteja usando uma linguagem hiperbólica, <strong>de</strong> fato ele nos assegura<br />

que não existe qualquer extensão <strong>de</strong> tempo que possa, porventura,<br />

separar-nos da graça divina. Era imprescindível que ele adicionasse<br />

este elemento, visto não termos <strong>de</strong> lutar somente contra as dores<br />

que sentimos dos males atuais, mas também contra os temores e<br />

ansieda<strong>de</strong>s com que os perigos nos ameaçam infligir. 43 O significado,<br />

pois, consiste em que não <strong>de</strong>vemos temer que nossa fé em nossa<br />

41 Alguns dos Pais, Jerônimo, Crisóstomo e outros, assumiram o mesmo ponto <strong>de</strong> vista,<br />

consi<strong>de</strong>rando o Apóstolo como que falando dos anjos bons, como se fosse em termos<br />

hipotéticos, como em Gálatas 1.8. Grotius, porém, e muitos outros, consi<strong>de</strong>ram que os<br />

anjos maus é que estão implícitos. Provavelmente que os anjos é que estão em pauta,<br />

sem qualquer consi<strong>de</strong>ração pelo que são.<br />

42 Grotius consi<strong>de</strong>ra as palavras <strong>de</strong> seu caráter abstrato para o concreto, Príncipes e Potentados;<br />

sendo chamados ἀρχαὶ, como pensam alguns, como sendo os primeiros, os<br />

principais em autorida<strong>de</strong>, e δυνάμεις, como tendo po<strong>de</strong>r. “Por meio <strong>de</strong>ssas palavras”, diz<br />

Beza, “Paulo costuma <strong>de</strong>signar o caráter dos espíritos – dos bons, em Efésios 1.21; Colossenses<br />

1.16; e dos maus, em Efésios 6.12; Colossenses 2.15.” Daí a probabilida<strong>de</strong> ser que<br />

as palavras <strong>de</strong>signam diferentes hierarquias entre os po<strong>de</strong>res angélicos, sem qualquer<br />

referência a seu caráter, quer bom ou mau.<br />

43 “Nem os males que ora sentimos, nem aqueles que po<strong>de</strong>m aguardar-nos.” – Grotius; antes:<br />

“Nem as coisas que ora existem, nem as coisas que virão à existência.”

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