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Comentário de Romanos

Comentário de João Calvino no livro de Romanos.

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484 • Comentário <strong>de</strong> <strong>Romanos</strong><br />

Esta é a principal diferença entre o evangelho e a filosofia. Ainda<br />

que os filósofos abor<strong>de</strong>m temas <strong>de</strong> cunho esplendidamente moral,<br />

com inusitada habilida<strong>de</strong>, no entanto todo o ornamento que sobressai<br />

<strong>de</strong> seus preceitos nada é senão uma bela superestrutura sem um<br />

sólido fundamento; porque, ao omitir princípios, eles não fazem outra<br />

coisa senão propor uma doutrina mutilada, como um corpo sem<br />

cabeça. Este é exatamente o mesmo método <strong>de</strong> doutrinação entre os<br />

católicos romanos. Embora falem inci<strong>de</strong>ntalmente da fé em Cristo e<br />

da graça do Espírito Santo, é plenamente evi<strong>de</strong>nte que se avizinham<br />

mais dos filósofos pagãos do que <strong>de</strong> Cristo e seus discípulos.<br />

Como os filósofos, antes <strong>de</strong> legislarem sobre moralida<strong>de</strong>, discutem<br />

o propósito da bonda<strong>de</strong> e inquirem acerca das fontes das virtu<strong>de</strong>s<br />

das quais, por fim, extraem e <strong>de</strong>rivam todos os <strong>de</strong>veres, assim<br />

Paulo estabelece aqui o princípio do qual fluem todas as partes que<br />

compõem a santida<strong>de</strong>, ou, seja: que somos redimidos pelo Senhor<br />

com o propósito <strong>de</strong> consagrar-lhe a nós e a todos nossos membros.<br />

É oportuno que examinemos cada uma das observações do apóstolo.<br />

1. Rogo-vos, pois, irmãos, pelas misericórdias <strong>de</strong> Deus. Sabemos<br />

muito bem como os <strong>de</strong>vassos alegremente se apegam a tudo quanto<br />

a Escritura proclama concernente à bonda<strong>de</strong> infinita <strong>de</strong> Deus, e isso<br />

com o propósito <strong>de</strong> usufruírem ao máximo a carne. Os hipócritas,<br />

em contrapartida, maliciosamente obscurecem seu conhecimento da<br />

bonda<strong>de</strong> divina, tanto quanto po<strong>de</strong>m, como se a graça <strong>de</strong> Deus extinguisse<br />

sua busca <strong>de</strong> uma vida <strong>de</strong> pieda<strong>de</strong> e lhes abrisse uma ampla<br />

porta a fim <strong>de</strong> viverem ousadamente em pecado. A súplica <strong>de</strong> Paulo<br />

nos ensina que os homens jamais adorarão a Deus com sincerida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> coração, nem se <strong>de</strong>spertarão para o temor e obediência a Deus<br />

com suficiente zelo, enquanto não enten<strong>de</strong>rem consistentemente o<br />

quanto são <strong>de</strong>vedores à misericórdia divina. Os papistas consi<strong>de</strong>ram<br />

como sendo suficiente se conseguem infundir algum gênero <strong>de</strong><br />

obediência forçada através do medo. Paulo, contudo, com o fim <strong>de</strong><br />

subjugar-nos a Deus, não por meio <strong>de</strong> um temor servil, mas através<br />

<strong>de</strong> um amor voluntário e anelante por justiça, nos atrai com suavi-

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