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Comentário de Romanos

Comentário de João Calvino no livro de Romanos.

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Capítulo 4 • 187<br />

dúvida que os escolásticos chamam <strong>de</strong> conjectura moral, pela qual<br />

eles substituem a fé.<br />

Para que seja segundo a graça. O apóstolo aqui primeiramente<br />

mostra que nada, senão a simples graça, é posto antes da fé. O objeto<br />

da fé é pura e simplesmente a graça. Caso a graça receba mérito em<br />

sua conta, então seria errônea a afirmação <strong>de</strong> Paulo <strong>de</strong> que tudo<br />

quanto ela obtém para nós é imerecido. Reiterarei isso em diferentes<br />

termos: Se graça é tudo quanto obtemos por meio da fé, então cessa<br />

toda e qualquer consi<strong>de</strong>ração pelas obras. A seguinte passagem<br />

remove toda e qualquer ambigüida<strong>de</strong> muito mais nitidamente ao<br />

<strong>de</strong>monstrar que a promessa é finalmente assegurada quando ela<br />

repousa na graça. A expressão <strong>de</strong> Paulo confirma o estado <strong>de</strong> incerteza<br />

em que os homens são postos à medida em que <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>m das<br />

obras, visto que se privam do fruto das promessas. Daqui também<br />

se po<strong>de</strong> <strong>de</strong>duzir que a graça significa, não o dom da regeneração,<br />

como o supõem alguns, mas o favor imerecido; pois a regeneração<br />

nunca é perfeita e jamais suficiente para apaziguar suas consciências,<br />

nem por si só ratificar a promessa.<br />

Não somente ao que está no regime da lei. Ainda que esta expressão,<br />

em outros lugares, se aplique aos fanáticos zelosos da lei, os quais<br />

se curvam a seu jugo e se gloriam na confiança que <strong>de</strong>positam nela,<br />

aqui ela significa simplesmente a nação judaica, à qual a lei do Senhor<br />

havia sido confiada. Paulo nos informa, em outra passagem, que todos<br />

aqueles que permanecem jungidos ao domínio da lei estão sujeitos a<br />

uma maldição, e portanto certa é a sua exclusão da participação na<br />

graça. Portanto, aqui ele não está a se reportando aos servos da lei<br />

que, tendo a<strong>de</strong>rido à justiça das obras, renunciam a Cristo, mas, sim,<br />

aos ju<strong>de</strong>us que haviam sido instruídos na lei, e que <strong>de</strong>pois se tornaram<br />

seguidores <strong>de</strong> Cristo. A sentença se fará ainda mais clara se a lermos<br />

assim: “Não somente aos que são da lei, mas a tantos quantos imitam<br />

a fé <strong>de</strong> Abraão, mesmo quando ainda não possuíam a lei.”<br />

Que é o pai <strong>de</strong> todos nós. O relativo [que] tem a função <strong>de</strong> uma<br />

partícula causativa. O apóstolo <strong>de</strong>seja mostrar que os gentios eram

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