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Comentário de Romanos

Comentário de João Calvino no livro de Romanos.

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268 • Comentário <strong>de</strong> <strong>Romanos</strong><br />

Paulo está argumentando do menor para o maior. Receio, contudo,<br />

que este modo <strong>de</strong> interpretar seja por <strong>de</strong>mais forçado, e assim sou<br />

levado a preferir o primeiro sentido, que é mais simples. Portanto, o<br />

argumento como um todo segue este rumo: Uma mulher, <strong>de</strong> acordo<br />

com a lei, está sujeita ao seu esposo, enquanto este vive; <strong>de</strong> sorte<br />

que não po<strong>de</strong> tornar-se esposa <strong>de</strong> outro. Depois da morte <strong>de</strong> seu<br />

esposo, contudo, ela se vê livre das amarras da lei, <strong>de</strong> tal sorte que<br />

po<strong>de</strong>, livremente, casar-se com quem quiser. A aplicação disto é<br />

como segue:<br />

A lei era nosso ‘esposo’, sob cujo jugo fomos mantidos, até ao<br />

tempo em que ela morreu em relação a nós.<br />

Depois da morte da lei, Cristo nos recebeu em seu seio, ou seja,<br />

nos libertou da lei e nos uniu a ele.<br />

Estando, pois, unidos a Cristo, o qual ressuscitou dos mortos,<br />

<strong>de</strong>vemos viver ligados exclusivamente a ele.<br />

E assim como a vida [humana] <strong>de</strong> Cristo é eterna <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> sua<br />

ressurreição, então nunca mais haverá divórcio entre nós e<br />

ele, no porvir.<br />

Além disso, o termo lei, aqui, não é usado por todos e em todo<br />

lugar no mesmo sentido. Em um lugar, significa os direitos recíprocos<br />

da vida conjugal; em outro, a autorida<strong>de</strong> <strong>de</strong> um esposo a quem a<br />

esposa se acha sujeita; e ainda em outro, o ensino <strong>de</strong> Moisés. Devemos<br />

ter em mente que o apóstolo está se referindo, aqui, somente<br />

àquela parte da lei que se relaciona especificamente com o ministério<br />

<strong>de</strong> nosso morrer para a lei. O principal <strong>de</strong>sígnio da ilustração, pois, era mostrar que não<br />

há isenção <strong>de</strong> uma lei senão pela morte; <strong>de</strong> modo que não há necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> uma correspondência<br />

nas <strong>de</strong>mais partes. Como no caso do homem e da esposa, a morte <strong>de</strong>strói o<br />

vínculo do matrimônio; assim no caso <strong>de</strong> um homem e a lei, isto é, a lei como a condição<br />

<strong>de</strong> vida, tem <strong>de</strong> haver uma morte; do contrário não haverá isenção. Há, porém, uma coisa<br />

na ilustração, a qual o Apóstolo adota, a saber: a liberda<strong>de</strong> <strong>de</strong> casar-se com outro cônjuge<br />

quando a morte livre, o elo <strong>de</strong> conexão é quebrado, a união com outro é legítima. Até aqui<br />

só o exemplo aduzido po<strong>de</strong> ser aplicado – a morte põe fim ao direito e autorida<strong>de</strong> da lei; e<br />

então a parte livre po<strong>de</strong> licitamente formar outra conexão. É a tentativa <strong>de</strong> fazer todas as<br />

partes da comparação correspon<strong>de</strong>r que ocasionou toda a dificulda<strong>de</strong>.

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