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Comentário de Romanos

Comentário de João Calvino no livro de Romanos.

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130 • Comentário <strong>de</strong> <strong>Romanos</strong><br />

não <strong>de</strong>struísse Sodoma totalmente, ele diz: “Longe <strong>de</strong> ti o fazeres tal<br />

coisa, matares o justo com o ímpio, como se o justo fosse igual ao<br />

ímpio; longe <strong>de</strong> ti. Não fará justiça o Juiz <strong>de</strong> toda a terra?” Expressão<br />

similar se encontra em Jó [34.17]: “Acaso governaria o que aborrece<br />

o direito?” Embora juízes injustos são às vezes encontrados entre<br />

os homens, isto se <strong>de</strong>ve ou porque, contrariando a lei e a retidão,<br />

usurpam sua autorida<strong>de</strong>, ou porque são elevados a tal posição <strong>de</strong><br />

po<strong>de</strong>r sem a <strong>de</strong>vida pon<strong>de</strong>ração, ou porque seus padrões se <strong>de</strong>terioraram.<br />

Em Deus, porém, não existe tal <strong>de</strong>ficiência. Portanto, visto<br />

que ele é Juiz por natureza, então ele <strong>de</strong>ve ser necessariamente<br />

justo, porquanto não po<strong>de</strong> negar a si mesmo. Paulo, pois, baseando<br />

seu raciocínio numa impossibilida<strong>de</strong>, conclui que é um gran<strong>de</strong> erro<br />

acusar a Deus <strong>de</strong> ser injusto, cuja proprieda<strong>de</strong> e natureza essencial<br />

é governar o mundo com justiça e retidão. Ainda que esta doutrina<br />

<strong>de</strong> Paulo se estenda ao governo contínuo <strong>de</strong> Deus, admito que ela<br />

tem uma referência particular ao juízo final, quando, finalmente,<br />

uma restauração real à or<strong>de</strong>m perfeita tomará lugar. Entretanto,<br />

se o leitor preferir uma refutação direta, pela qual tais blasfêmias<br />

sejam refreadas, este seria o sentido: “Não é da própria natureza da<br />

injustiça que a justiça divina se realça mais claramente. Ao contrário,<br />

a bonda<strong>de</strong> divina subjuga <strong>de</strong> tal forma nossa impieda<strong>de</strong>, que lhe dá<br />

uma diretriz nova e distinta.”<br />

7. E se 6 por causa <strong>de</strong> minha mentira fica em relevo a verda<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> Deus, para sua glória. Não há dúvida <strong>de</strong> que esta objeção é apresentada<br />

na pessoa do ímpio. É uma explicação do versículo anterior,<br />

e teria sido conectada a ele, não tivera o apóstolo sido movido pela<br />

afronta feita a Deus, e não tivera quebrado a sentença ao meio. Eis<br />

o sentido: se a verda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Deus é realçada, e em certa medida é ela<br />

estabelecida, por meio <strong>de</strong> nossa falsida<strong>de</strong>, e por isso mais glória<br />

6 Ou, “Porque se” – si enim – εὶ γὰρ. A partícula γὰρ aqui não dá nenhuma razão, mas <strong>de</strong>ve<br />

ser vista no sentido <strong>de</strong> então, ou <strong>de</strong>veras, na verda<strong>de</strong>; vejam-se Lucas 12.58; João 11.30;<br />

Atos 16.37; Filipenses 2.27. Stuart a traduz por ainda, e diz que ela “aponta para a conexão<br />

com o versículo 5, e <strong>de</strong>nota uma continuação do mesmo tema”. Macknight às vezes a traduz<br />

por <strong>de</strong>mais, além <strong>de</strong>, e sem dúvida corretamente.

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