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Comentário de Romanos

Comentário de João Calvino no livro de Romanos.

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Capítulo 5 • 205<br />

fé, a esta graça. Nossa reconciliação com Deus está subordinada a<br />

Cristo. Ele é o único Filho Bem-amado; todos nós, por natureza, somos<br />

filhos da ira. Porém, esta graça nos é comunicada pelo evangelho, visto<br />

ser ele o ministério da reconciliação. Nosso ingresso no reino <strong>de</strong> Deus<br />

é através do benefício <strong>de</strong>sta reconciliação. Paulo, pois, corretamente<br />

põe diante <strong>de</strong> nossos olhos a promessa certa, em Cristo, da graça <strong>de</strong><br />

Deus, com o fim <strong>de</strong> afastar-nos mais eficientemente da confiança em<br />

nossas obras. Ele nos ensina, por meio da palavra acesso, que a salvação<br />

tem sua origem em Cristo, e assim exclui as preparações por meio<br />

das quais os tolos acreditam po<strong>de</strong>r antecipar a misericórdia divina. É<br />

como se dissesse: “Cristo encontra o indigno, e esten<strong>de</strong>-lhe sua mão<br />

para libertá-lo.” E imediatamente acrescenta que é pela continuação<br />

da mesma graça que nossa salvação permanece firme e segura. Com<br />

isso ele quer dizer que nossa perseverança não se acha fundamentada<br />

em nosso próprio po<strong>de</strong>r ou empenho, mas tão-somente em Cristo. Mas<br />

quando ele, ao mesmo tempo, diz na qual estamos firmes, o sentido<br />

equivale a isto: quão profundamente radicado <strong>de</strong>ve estar o evangelho<br />

nos corações dos piedosos, <strong>de</strong> modo a se sentirem fortalecidos por<br />

sua verda<strong>de</strong> e bem solificados contra todas as astúcias da carne e do<br />

Diabo. Pelo termo firmes ele quer dizer que a fé não é a persuasão fugaz<br />

<strong>de</strong> um dia, senão que se acha tão radicada e submersa em nossa mente,<br />

que o seu prosseguimento se faz seguro ao longo <strong>de</strong> toda nossa vida.<br />

1. Tendo sido, pois, justificados mediante a fé,<br />

Temos paz com Deus,<br />

Através <strong>de</strong> nosso Senhor Jesus Cristo;<br />

2. Através <strong>de</strong> quem temos tido, sim, o acesso pela fé<br />

A esta graça, na qual estamos firmes,<br />

E exultamos na esperança da glória <strong>de</strong> Deus.<br />

O ilativo pois <strong>de</strong>ve ser preferido a portanto, visto ser uma inferência, não <strong>de</strong> um versículo<br />

ou frase particular, mas do que o Apóstolo vem ensinando. Na frase “a glória <strong>de</strong> Deus”<br />

está implícita a glória que Deus conce<strong>de</strong>; usando as palavras do Prof. Stuart, ela é “genitivus<br />

auctoris”.<br />

A palavra ‘acesso’, προσαγωγὴν, tem dois significados: introdução (adductio) e acesso<br />

(accessio). O verbo προσάγειν é usado em 1 Pedro 3.18 no sentido <strong>de</strong> introduzir, li<strong>de</strong>rar<br />

ou conduzir. Assim Cristo, como observa Wolfius, po<strong>de</strong> ser consi<strong>de</strong>rado sendo aqui representado<br />

como o introdutor e reconciliador, através <strong>de</strong> quem os crentes vão a Deus e<br />

mantêm comunhão com ele. ‘Introdução’ é a versão <strong>de</strong> Macknight; e Doddridge também<br />

adotou esta idéia.

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