27.05.2014 Views

Comentário de Romanos

Comentário de João Calvino no livro de Romanos.

Comentário de João Calvino no livro de Romanos.

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

480 • Comentário <strong>de</strong> <strong>Romanos</strong><br />

Nesta notável passagem somos instruídos, não que se acha em<br />

nosso po<strong>de</strong>r exigir que Deus nos conceda a salvação, com base em<br />

nossas obras, senão que, ao contrário, ele antecipa sua benevolência<br />

sem qualquer mérito <strong>de</strong> nossa parte. Ele nos mostra não só o que os<br />

homens têm por hábito fazer, mas também o que eles são capazes<br />

<strong>de</strong> fazer. Caso queiramos fazer um honesto exame <strong>de</strong> nós mesmos,<br />

então <strong>de</strong>scobriremos não só que Deus <strong>de</strong> forma alguma nos é <strong>de</strong>vedor,<br />

mas também que todos nós somos passíveis <strong>de</strong> seu justo juízo.<br />

Somos não apenas <strong>de</strong>stituídos do merecimento <strong>de</strong> qualquer favor<br />

<strong>de</strong> sua parte; somos, sobretudo, mais que merecedores <strong>de</strong> morte<br />

eterna. Ele conclui que Deus não nos <strong>de</strong>ve nada em razão <strong>de</strong> nossa<br />

natureza corrupta e <strong>de</strong>pravada; e também assevera que, mesmo que<br />

o homem fosse perfeito, ainda assim não po<strong>de</strong>ria apresentar nada<br />

a Deus pelo quê pu<strong>de</strong>sse granjear seu favor, visto que, tão logo ele<br />

inicia sua existência, à luz da própria lei da criação já se vê tão endividado<br />

em relação a seu Criador, que nada consegue divisar que<br />

seja propriamente seu. Portanto, fracassaremos caso nos esforcemos<br />

em privar a Deus do direito <strong>de</strong> agir soberanamente, como bem lhe<br />

apraz, com as criaturas que ele criou para si, como se isso fosse uma<br />

questão <strong>de</strong> débito ou crédito mútuo.<br />

36. Porque <strong>de</strong>le e por meio <strong>de</strong>le e para ele são todas as coisas.<br />

Esta é uma confirmação da sentença prece<strong>de</strong>nte. O apóstolo nos<br />

mostra quão longe estamos <strong>de</strong> ser capazes <strong>de</strong> vangloriar-nos, contra<br />

Deus, <strong>de</strong> algum bem que porventura seja propriamente nosso,<br />

visto que fomos criados por Deus, a partir do nada, e agora o nosso<br />

mesmo ser <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> <strong>de</strong>le. Disto ele conclui ser justo que nosso ser<br />

seja orientado para sua glória. Quão absurdo seria que as criaturas,<br />

a quem ele formou e sustenta, possuíssem algum outro propósito<br />

que não fosse a manifestação da glória <strong>de</strong> seu Criador! Estou consciente<br />

<strong>de</strong> que a frase εἰς αὐτόν, para ele, é às vezes usada no sentido<br />

ἐν αὐτ, nele ou por meio <strong>de</strong>le; todavia, este seria um uso impróprio.<br />

Contudo, visto que o próprio significado se a<strong>de</strong>qua melhor ao presente<br />

argumento, então é preferível retê-lo do que recorrer a um uso

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!