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Comentário de Romanos

Comentário de João Calvino no livro de Romanos.

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Capítulo 14 • 533<br />

presos às sombras da lei, eles estavam – o apóstolo o admite – errados<br />

em proce<strong>de</strong>r assim. Não obstante, ele solicita que fossem<br />

perdoados por algum tempo, pois pressioná-los com <strong>de</strong>masiada<br />

severida<strong>de</strong> po<strong>de</strong>ria equivaler o <strong>de</strong>sfibramento <strong>de</strong> sua fé. 3 Ele chama<br />

<strong>de</strong> assuntos polêmicos as questões que perturbam as mentes ainda<br />

não completamente estabelecidas, ou que ainda se digladiam com<br />

suas dúvidas contun<strong>de</strong>ntes. Entretanto, po<strong>de</strong>mos expandir esta<br />

frase, tentando eliminar <strong>de</strong>la algumas questões espinhosas e difíceis<br />

que têm gerado inquietação e confusão nas consciências frágeis,<br />

sem propiciar-lhes edificação alguma. Devemos, pois, consi<strong>de</strong>rar as<br />

questões que cada um po<strong>de</strong> suportar, acomodando nossa doutrina<br />

à capacida<strong>de</strong> individual.<br />

2. Um crê que po<strong>de</strong> comer <strong>de</strong> tudo. Não consigo discernir qual<br />

das diversas traduções Erasmo seguiu. Ele mutilou a sentença, ainda<br />

que a mesma esteja completa na fraseologia <strong>de</strong> Paulo; e, em vez <strong>de</strong><br />

usar o artigo relativo, incorretamente pôs ‘outro’ em lugar <strong>de</strong> ‘crê’.<br />

Não <strong>de</strong>ve parecer dissonante nem forçado se tomarmos o infinitivo<br />

pelo imperativo, pois Paulo mui freqüentemente adota esse estilo <strong>de</strong><br />

linguagem. 4 Ele, pois, refere-se àqueles que se acham bem firmados<br />

em sua consciência como crentes, e permite-lhes o uso <strong>de</strong> todas as<br />

coisas sem qualquer distinção. Entrementes, o fraco [<strong>de</strong> consciência]<br />

come legumes e se abstém <strong>de</strong> tudo quanto enten<strong>de</strong> estar-lhe<br />

proibido. Se alguém preferir a versão popular, então significará<br />

ser errôneo que alguém coma livremente <strong>de</strong> todas as coisas, visto<br />

acreditar ser-lhe lícito exigir a mesma regra daqueles que ainda são<br />

imaturos e cuja fé ainda é frágil. É absurda a tradução da palavra no<br />

sentido <strong>de</strong> enfermo, como o fazem alguns.<br />

3 As observações <strong>de</strong> Scott sobre este versículo são notáveis e apropriadas: “Não obstante”,<br />

diz ele, “a autorida<strong>de</strong> com que Cristo revestiu seus apóstolos, e a infalibilida<strong>de</strong> com<br />

que enunciaram sua doutrina à humanida<strong>de</strong>, prevaleceram diferenças <strong>de</strong> opinião mesmo<br />

entre os cristãos reais; nem Paulo, com sua expressa <strong>de</strong>cisão e or<strong>de</strong>m, tentou pôr-lhes<br />

um ponto final.<br />

4 Isso é verda<strong>de</strong>, mas a presente passagem parece não requerer tal construção. As sentenças<br />

são <strong>de</strong>clarativas, anunciando um fato acerca <strong>de</strong> dois partidos: um cria que podia comer <strong>de</strong><br />

tudo; o outro, comia somente vegetais. O relativo ὃς, quando repetido, às vezes significa<br />

‘um’, como no versículo 5 e em 1 Coríntios 11.21; e o artigo ὁ está aqui para essa repetição.

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