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Comentário de Romanos

Comentário de João Calvino no livro de Romanos.

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288 • Comentário <strong>de</strong> <strong>Romanos</strong><br />

ministrado, mas também, em seu primeiro livro a Bonifácio, provou,<br />

através <strong>de</strong> muitos e po<strong>de</strong>rosos argumentos, que a mesma só po<strong>de</strong> ser<br />

compreendida pelo prisma do homem regenerado. O nosso esforço<br />

será no sentido <strong>de</strong> fazer com que nossos leitores vejam claramente<br />

que este é precisamente o caso.<br />

Nem mesmo compreendo. O que ele tem em mente é que não<br />

reconhece como suas as obras que realizou através da fragilida<strong>de</strong><br />

da carne, já que as o<strong>de</strong>ia. E assim Erasmo ofereceu uma tradução<br />

tolerável, usando o verbo aprovar: “Eu não aprovo” [non probo]. 22<br />

Todavia, visto que o mesmo po<strong>de</strong> tornar-se ambíguo, preferi reter<br />

o verbo compreen<strong>de</strong>r. Daqui <strong>de</strong>duzimos que a doutrina da lei é tão<br />

conformada com o reto juízo, que os crentes repudiam a transgressão<br />

como algo sub-humano. Todavia, visto que aparentemente Paulo admite<br />

que o seu ensino se acha em conflito com o que a lei prescreve,<br />

muitos intérpretes têm-se equivocado, imaginando que ele está a<br />

referir-se a um caráter distinto – daí o erro comum <strong>de</strong> afirmar que<br />

todo este capítulo <strong>de</strong>screve a natureza do homem não regenerado.<br />

Contudo, pela expressão, ‘transgressão da lei’, Paulo está a indicar<br />

todos os <strong>de</strong>slizes dos fiéis, os quais não os privam do temor <strong>de</strong> Deus<br />

nem do zelo pela prática do bem. Paulo, portanto, nega que esteja<br />

fazendo o que a lei manda, visto que ele não a satisfaz em todas as<br />

suas partes, mas que prossegue um tanto exausto em seus esforços.<br />

Pois o que não quero fazer, isso faço. Não é necessário concluir<br />

que o apóstolo fora sempre incapaz <strong>de</strong> fazer o bem. Simplesmente se<br />

queixa <strong>de</strong> sua inabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> fazer o que <strong>de</strong>sejava – ir no encalço do<br />

bem com toda diligência –, visto achar-se como que atado. Também<br />

se queixa <strong>de</strong> que fracassava on<strong>de</strong> menos <strong>de</strong>sejava fracassar, e isto<br />

pelo fato <strong>de</strong> sempre tropeçar na <strong>de</strong>bilida<strong>de</strong> da carne. O coração pio,<br />

portanto, não faz o bem que tanto <strong>de</strong>seja, visto não ser acompanha-<br />

22 “Pii quod perpetrant non agnoscunt, non approbant, non excusant, non palliant” – “O<br />

que os santos fazem [erroneamente], eles não sabem, não aprovam, não justificam, não<br />

mitigam.” – Pareus.<br />

O verbo γινώσκω é usado aqui no sentido do verbo hebraico, dy, o qual é às vezes assim<br />

traduzido pela Septuaginta. Vejam-se Salmo 1.6; Oséias 8.4; e Mateus 7.23.

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