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Comentário de Romanos

Comentário de João Calvino no livro de Romanos.

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174 • Comentário <strong>de</strong> <strong>Romanos</strong><br />

O fato <strong>de</strong> que às vezes se <strong>de</strong>clara que as obras, e igualmente<br />

outras bênçãos, são imputadas para justiça, <strong>de</strong> forma alguma enfraquece<br />

o argumento <strong>de</strong> Paulo. No Salmo 106.30 se acha escrito<br />

que a ação <strong>de</strong> Finéias, o sacerdote do Senhor, lhe foi imputada<br />

para justiça, por ter ele vingado o opróbrio <strong>de</strong> Israel ao castigar<br />

um adúltero e uma meretriz. Sabemos muito bem que um homem<br />

realizou uma ação justa, mas também sabemos que uma só ação<br />

não justifica a ninguém. O que se requer é obediência, perfeita e<br />

completa em todas as suas partes, <strong>de</strong> acordo com a promessa:<br />

“Portanto meus estatutos e meus juízos guardareis; cumprindo-os,<br />

o homem viverá por eles” [Lv 18.5; Rm 10.5]. Como, pois, po<strong>de</strong> tal<br />

vingança por ele infligida ser-lhe imputada para justiça? Era-lhe<br />

necessário que antes fosse justificado pela graça <strong>de</strong> Deus, pois<br />

aqueles que já se acham vestidos com a justiça <strong>de</strong> Cristo têm a<br />

Deus não só em favor <strong>de</strong>les mesmos, mas também em favor <strong>de</strong><br />

suas obras. As manchas e <strong>de</strong>feitos <strong>de</strong>ssas obras são cobertos pela<br />

pureza <strong>de</strong> Cristo, a fim <strong>de</strong> que não se apresentem para juízo; e se<br />

não são encontradas com alguma mancha, são por isso consi<strong>de</strong>radas<br />

justas. É plenamente evi<strong>de</strong>nte que sem tais abstenções, nenhuma<br />

obra humana po<strong>de</strong>ria agradar a Deus. Mas se a justiça [proce<strong>de</strong>nte]<br />

da fé é a única razão por que nossas obras são consi<strong>de</strong>radas justas,<br />

quão absurdo é o argumento daqueles que dizem que a justiça não<br />

é tão-só pela fé, visto que ela é atribuída às obras. Minha resposta<br />

a esta questão consiste no indisputável argumento <strong>de</strong> que todas as<br />

obras seriam con<strong>de</strong>nadas como injustas, se porventura a justificação<br />

não fosse exclusivamente por meio da fé.<br />

O mesmo po<strong>de</strong>mos dizer acerca da felicida<strong>de</strong>. Ela é para aqueles<br />

que temem ao Senhor e andam em seus caminhos [Sl 128.1]; aqueles<br />

que meditam na lei divina dia e noite [Sl 1.2]. Sobre esses se pronuncia<br />

a bem-aventurança [veja-se Mt 5.1-12]. Entretanto, visto que ninguém<br />

proce<strong>de</strong> assim tão perfeitamente quanto <strong>de</strong>veria, satisfazendo<br />

plenamente a exigência divina, todas as bênçãos <strong>de</strong>ste gênero são<br />

inúteis, até que sejamos abençoados com a purificação e lavagem

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