27.05.2014 Views

Comentário de Romanos

Comentário de João Calvino no livro de Romanos.

Comentário de João Calvino no livro de Romanos.

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

Capítulo 5 • 219<br />

Paulo compara Adão com Cristo? Segue-se, pois, que a alusão aqui<br />

é à nossa <strong>de</strong>pravação inerente e hereditária. 12<br />

13. Porque até ao regime da lei havia pecado no mundo. Este<br />

parêntese antecipa uma possível objeção. Visto que aparentemente<br />

não houve transgressão sem a lei, po<strong>de</strong> ficar a dúvida se o pecado<br />

existiu antes da lei. Sua existência <strong>de</strong>pois da lei era indiscutível. O<br />

único problema está no tempo anterior à lei. Paulo, pois, respon<strong>de</strong><br />

que, embora Deus não tivesse, naquele tempo, aplicado o juízo com<br />

base na lei escrita, a raça humana ainda estaria sob a maldição, <strong>de</strong>s<strong>de</strong><br />

o ventre materno. Portanto, aqueles que levaram uma vida ímpia e<br />

réproba antes que a lei fosse promulgada, não estavam <strong>de</strong> forma<br />

alguma absolvidos da con<strong>de</strong>nação do pecado, pois houve sempre<br />

um Deus a quem a adoração era <strong>de</strong>vida, bem como algumas normas<br />

<strong>de</strong> justiça em existência. Esta interpretação é tão lógica e clara que<br />

fornece suficiente refutação a qualquer explicação contrária.<br />

Mas o pecado não é levado em conta quando não há lei. Se a lei<br />

não nos reprova, permanecemos adormecidos em nossos pecados;<br />

e ainda quando somos plenamente cônscios <strong>de</strong> nossas más ações,<br />

não obstante suprimimos, tanto quanto po<strong>de</strong>mos, o conhecimento<br />

do mal que se nos impõe, ou o obliteramos esquecendo-o rapidamente.<br />

Quando a lei nos convence e reprova, somos instigados a<br />

levar a sério o juízo divino. O apóstolo, pois, nota que a perversida<strong>de</strong><br />

humana, quando não <strong>de</strong>spertada pela lei, <strong>de</strong>scarta em gran<strong>de</strong><br />

medida a distinção existente entre o bem e o mal, acomodando-se<br />

em suas paixões sem qualquer recato, como se o juízo divino fosse<br />

algo inexistente. O castigo <strong>de</strong> Caim, o dilúvio que <strong>de</strong>struiu o mundo<br />

inteiro, a subversão <strong>de</strong> Sodoma e a punição infligida contra Faraó<br />

e Abimeleque por causa <strong>de</strong> Abraão e, finalmente, as pragas <strong>de</strong>rra-<br />

12 As partículas ἐφ ̓ , no final <strong>de</strong>ste versículo, têm sido traduzidas bem variadamente, sem<br />

muita mudança no significado. “In quo – no qual”, ou, seja, pecado, Agostinho; “in quo – em<br />

quem”, ou, seja, o homem, Crisóstomo e Beza; “per quem – por ou através <strong>de</strong> quem”, Grotius;<br />

“propterea quod”, vel, “quia”, vel, “quoniam – porque”, Lutero, Pareus e Raphelius; que<br />

é o mesmo <strong>de</strong> Calvino. Vejam-se Mateus 26.50; 2 Coríntios 5.4; Filipenses 3.12.<br />

Wolfus cita uma passagem singular <strong>de</strong> um rabino ju<strong>de</strong>u, Moses Tranensis, “No pecado que o<br />

primeiro homem pecou, o mundo inteiro através <strong>de</strong>le (ou nele, wb) pecou; pois ele era o homem<br />

todo, ou toda a humanida<strong>de</strong> – da lk hz yk”. A idéia é exatamente a mesma do apóstolo.

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!