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Comentário de Romanos

Comentário de João Calvino no livro de Romanos.

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494 • Comentário <strong>de</strong> <strong>Romanos</strong><br />

Ninguém <strong>de</strong>ve aventurar-se a possuir tudo <strong>de</strong> uma só vez, mas<br />

<strong>de</strong>ve contentar-se com sua porção, e conscientemente refrear-se<br />

<strong>de</strong> usurpar as funções <strong>de</strong> outrem. Contudo, quando Paulo realça<br />

expressamente a comunhão existente entre nós, ao mesmo tempo<br />

também indica quão pru<strong>de</strong>ntes e solícitos <strong>de</strong>vemos ser na apropriação<br />

daquelas faculda<strong>de</strong>s possuídas por certos indivíduos, para<br />

o bem comum do corpo. 9<br />

6. Tendo, porém, diferentes dons segundo a graça que nos<br />

foi dada. Paulo aqui não se expressa simplesmente em termos<br />

<strong>de</strong> apreciação do amor fraternal entre nós, senão que enaltece a<br />

humilda<strong>de</strong> como sendo o caminho mais seguro na regulamentação<br />

<strong>de</strong> toda nossa vida. Todas as pessoas <strong>de</strong>sejam possuir o bastante<br />

que as poupe <strong>de</strong> <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>r do auxílio <strong>de</strong> seus irmãos. Mas quando<br />

ninguém possui o suficiente para suas necessida<strong>de</strong>s pessoais, então<br />

surge um vínculo <strong>de</strong> comunhão e solidarieda<strong>de</strong>, pois que cada um<br />

se vê forçado a buscar empréstimo dos outros. Admito, pois, que a<br />

comunhão dos santos só é possível quando cada um se vê contente<br />

com sua própria medida, e ainda reparte com seus irmãos as dádivas<br />

recebidas, e em contrapartida admite ser também assistido pelas<br />

dádivas alheias.<br />

Paulo <strong>de</strong>sejava especialmente reprimir o orgulho que, sabia<br />

ele, é inato no ser humano. Para evitar que alguém se entristeça<br />

por não possuir tudo <strong>de</strong> quanto necessita, ele nos lembra que cada<br />

pessoa tem sua própria responsabilida<strong>de</strong> a ela <strong>de</strong>stinada pelo bom<br />

propósito <strong>de</strong> Deus, visto ser conveniente para a comum salvação do<br />

corpo, que ninguém seja suprido com tal plenitu<strong>de</strong> <strong>de</strong> dons, e venha<br />

a menosprezar impunemente a seus irmãos. Temos aqui, portanto,<br />

o principal propósito que o apóstolo tinha em vista, ou, seja: nem<br />

todas as coisas são a<strong>de</strong>quadas a todos os homens; por isso os dons<br />

9 O apóstolo persegue esta semelhança do corpo humano muito mais amplamente em 1<br />

Coríntios 12.12-31. Há dois laços <strong>de</strong> união: um, que é entre o crente e Cristo por meio da<br />

fé genuína; e o outro, que é entre o membro individual <strong>de</strong> uma igreja ou congregação e o<br />

resto dos membros que apenas professam a fé. É o último <strong>de</strong> que trata o apóstolo, tanto<br />

aqui como na Epístola aos Coríntios.

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