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Comentário de Romanos

Comentário de João Calvino no livro de Romanos.

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386 • Comentário <strong>de</strong> <strong>Romanos</strong><br />

as causas externas, como quando, ao reivindicar em nosso favor<br />

liberda<strong>de</strong> <strong>de</strong> ação, dizemos: “Eu farei o que pretendi fazer.” O pronome<br />

relativo [quem] expressamente <strong>de</strong>nota que a misericórdia não<br />

será estendida indiscriminadamente a todos. Somos privados <strong>de</strong>sta<br />

liberda<strong>de</strong> quando restringimos a eleição divina às causas externas.<br />

A única causa genuína da salvação é expressa nas duas palavras<br />

usadas por Moisés. nj significa favorecer ou mostrar liberalida<strong>de</strong> gratuita<br />

e abundantemente; jr ser tratado com misericórdia. Paulo assim<br />

estabelece o que preten<strong>de</strong>ra provar, ou, seja: que a misericórdia<br />

divina, sendo gratuita e soberana, não está obrigada nem restringida<br />

a nada e a ninguém, senão que se volve para on<strong>de</strong> lhe apraz. 15<br />

16. Assim, pois, não <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> <strong>de</strong> quem quer. Paulo <strong>de</strong>duz <strong>de</strong>sta<br />

afirmação a indisputável conclusão <strong>de</strong> que nossa eleição <strong>de</strong>ve ser<br />

atribuída, não a nossa diligência, nem a nosso zelo, nem tampouco<br />

a nossos esforços, senão inteiramente ao conselho divino. Que<br />

ninguém conclua que os eleitos o são em virtu<strong>de</strong> <strong>de</strong> serem eles merecedores,<br />

ou porque <strong>de</strong> alguma forma conquistaram para si o favor<br />

divino, ou ainda porque possuíam alguma semente <strong>de</strong> dignida<strong>de</strong> pela<br />

qual Deus pô<strong>de</strong> ser movido a agir. A idéia simples, que <strong>de</strong>vemos<br />

levar em conta, é esta: o fato <strong>de</strong> sermos contados entre os eleitos<br />

in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong> tanto <strong>de</strong> nossa vonta<strong>de</strong> quanto <strong>de</strong> nossos esforços – pois<br />

o apóstolo substituiu correr por esforço ou diligência. Ao contrário,<br />

<strong>de</strong>ve ser atribuído totalmente à benevolência divina, a qual, por si<br />

só, recebe graciosamente aqueles que nada empreen<strong>de</strong>m, nem se<br />

esforçam, nem mesmo tentam. É estulto o argumento daqueles que<br />

concluem <strong>de</strong>sta passagem que possuímos a capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> envidar<br />

15 Estas duas palavras claramente mostram que a eleição consi<strong>de</strong>ra o homem como apóstata;<br />

pois favor é o que se mostra ao que nada merece, e misericórdia, ao <strong>de</strong>sventurado<br />

e miserável, <strong>de</strong> modo que a escolha que se faz é da massa corrupta da humanida<strong>de</strong>, contemplada<br />

nesse estado, e não como num estado <strong>de</strong> inocência. Diz Agostinho: “Deus alios<br />

facit vasa iræ secundum meritum; alios vasa misericordiæ secundum gratiam – Deus faz<br />

alguns vasos <strong>de</strong> ira segundo seu mérito; outros vasos <strong>de</strong> misericórdia segundo sua graça.”<br />

Em outro lugar ele diz: “Deus ex ea<strong>de</strong>m massa damnata originaliter, tanquam figulus,<br />

fecit aliud vas ad honorem, aliud in contumeliam – Deus, como um oleiro, fez da mesma<br />

massa originalmente con<strong>de</strong>nada um vaso para honra, e outro para <strong>de</strong>sonra.” “Deus forma<br />

da gran<strong>de</strong> massa da humanida<strong>de</strong> apóstata duas sortes <strong>de</strong> vasos .” – Henry.

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