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Comentário de Romanos

Comentário de João Calvino no livro de Romanos.

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Capítulo 9 • 409<br />

que a renunciemos a fim <strong>de</strong> <strong>de</strong>positarmos nossa confiança somente<br />

na munificência divina. Esse exemplo dos ju<strong>de</strong>us <strong>de</strong>veria inspirar o<br />

temor [divino] em todos quantos se esforçam por obter o reino <strong>de</strong><br />

Deus através das obras. Pela expressão, obras da lei, Paulo não quer<br />

dizer as observâncias cerimoniais, como já <strong>de</strong>monstramos, mas os<br />

méritos proce<strong>de</strong>ntes das obras aos quais a fé é contrastada – a fé que,<br />

por assim dizer, olha com ambos os olhos unicamente para a mercê<br />

divina sem consi<strong>de</strong>rar quaisquer méritos propriamente nossos.<br />

Tropeçaram na pedra <strong>de</strong> tropeço. O apóstolo confirma sua<br />

sentença anterior com um excelente argumento. Nada é tão absurdo<br />

quanto a idéia <strong>de</strong> alguém se esforçar por <strong>de</strong>struir a justiça a fim <strong>de</strong><br />

obtê-la. Cristo nos foi oferecido para a justificação; e aquele que impõe<br />

sobre Deus a justiça proce<strong>de</strong>nte das obras estará esforçando-se<br />

por privar a Cristo <strong>de</strong> seu ofício. Disto se faz evi<strong>de</strong>nte que, sempre<br />

que os homens põem sua confiança nas obras, sob o fútil pretexto<br />

<strong>de</strong> serem eles zelosos pela justiça, estão propondo guerra contra<br />

Deus, em sua impetuosa malda<strong>de</strong>.<br />

Não é difícil <strong>de</strong> se perceber que aqueles que põem sua confiança<br />

nas obras tropeçam em Cristo. Se não reconhecermos que somos<br />

pecadores privados e <strong>de</strong>stituídos <strong>de</strong> qualquer justiça propriamente<br />

nossa, obscureceremos a dignida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Cristo, a qual consiste em<br />

ser ele luz, salvação, vida, ressurreição, justiça e medicina para<br />

todos nós. Para quê é ele tudo isso, senão para dar vista ao cego,<br />

restauração da liberda<strong>de</strong> ao con<strong>de</strong>nado, vida ao morto, ressurreição<br />

ao que é reduzido a nada, purificação ao que se acha coberto <strong>de</strong><br />

imundície, cura e saú<strong>de</strong> ao que se acha saturado com todo gênero<br />

<strong>de</strong> <strong>de</strong>bilida<strong>de</strong>s? Realmente, se formos achados a reivindicar alguma<br />

justiça por meio <strong>de</strong> nossos próprios recursos, então estaremos em<br />

alguma medida lutando contra o po<strong>de</strong>r <strong>de</strong> Cristo, já que seu ofício<br />

consiste tanto em <strong>de</strong>spedaçar toda a arrogância da carne quanto<br />

em aliviar e consolar aos que labutam e se acham sob pesado fardo.<br />

A passagem [Is 3.14] é citada com proprieda<strong>de</strong>. Deus ali <strong>de</strong>clara<br />

que ele seria para o povo <strong>de</strong> Judá e <strong>de</strong> Israel uma rocha <strong>de</strong> ofensa, na

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