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Comentário de Romanos

Comentário de João Calvino no livro de Romanos.

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Capítulo 1 • 77<br />

para supor que os homens possuem algo digno <strong>de</strong> louvor. Os intérpretes<br />

que <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>m este conceito não me convencem <strong>de</strong> que foram<br />

influenciados por um raciocínio suficientemente conclusivo, pois não<br />

era peculiar aos filósofos imaginarem que possuíam sabedoria no conhecimento<br />

<strong>de</strong> Deus, mas que tal sabedoria era igualmente comum a<br />

todas as nações e classes <strong>de</strong> homens. Todos os homens têm procurado<br />

formar alguma concepção da Majesta<strong>de</strong> <strong>de</strong> Deus, e imaginá-lo um<br />

Deus tal qual sua razão pu<strong>de</strong>sse concebê-lo. Tal pretensão em referência<br />

a Deus, afirmo eu, não se apren<strong>de</strong> nas escolas filosóficas, senão<br />

que é algo inato e nos acompanha, por assim dizer, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o ventre<br />

materno. É evi<strong>de</strong>nte que este mal tem florescido em todos os tempos,<br />

<strong>de</strong> modo a permitirem os homens a si mesmos total liberda<strong>de</strong> <strong>de</strong> engendrar<br />

práticas supersticiosas. Portanto, a arrogância que aqui se<br />

con<strong>de</strong>na consiste em que, quando os homens <strong>de</strong>viam humil<strong>de</strong>mente<br />

dar glória a Deus, procuraram ser sábios a seus próprios olhos e reduziram<br />

Deus ao nível <strong>de</strong> sua própria condição miserável. Paulo mantém<br />

o seguinte princípio: se alguém se aliena do culto divino, a culpa é toda<br />

sua, como se quisesse dizer: “Visto que se exaltaram soberbamente, se<br />

converteram em loucos pela justiça vingadora <strong>de</strong> Deus.” Há também<br />

uma razão óbvia que milita contra a interpretação por mim rejeitada.<br />

O erro <strong>de</strong> formar uma imagem <strong>de</strong> Deus [<strong>de</strong> affingenda Deo imagine]<br />

não teve sua origem nos filósofos, mas foi recebido <strong>de</strong> outras fontes,<br />

recebendo também daí sua própria aprovação. 40<br />

40 Calvino é peculiar em sua exposição <strong>de</strong>ste versículo. A maioria dos críticos concorda em<br />

pensar que os aqui referidos eram os reputados eruditos entre todas as nações, como<br />

diz Beza: “Tais como os Druídas dos gauleses, os profetas dos toscanos, os filósofos dos<br />

gregos, os sacerdotes dos egípcios, os magos dos persas, os gimnosofistas dos indus e<br />

os rabinos dos hebreus.” Ele consi<strong>de</strong>ra que o Apóstolo se refere especialmente a homens<br />

tais como esses, ainda que fale <strong>de</strong> todos os homens como que se aparentando muito<br />

sábios em seus artifícios insanos quanto ao culto <strong>de</strong> Deus. Quanto mais sábios pensavam<br />

ser, mais insensatos se tornavam. Veja-se Jeremias 8.8, 9; 1 Coríntios 1.19-22.<br />

“Esta é a maior infelicida<strong>de</strong> do homem, não só por não sentir sua <strong>de</strong>mência, mas também<br />

por extrair matéria da soberba daquilo que <strong>de</strong>veria ser sua vergonha. O que julgam ser<br />

sua sabedoria, na verda<strong>de</strong> era sua loucura.” – Haldane.<br />

A observação <strong>de</strong> Hodge é justa: “Quanto mais elevado o avanço das nações em refinamento<br />

e filosofia, maior, como regra geral, a <strong>de</strong>gradação e loucura <strong>de</strong> seus sistemas <strong>de</strong><br />

religião.” Como prova, ele menciona os antigos egípcios, gregos e romanos, comparados<br />

com os aborígenes da América.

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