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Comentário de Romanos

Comentário de João Calvino no livro de Romanos.

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Capítulo 5 • 225<br />

Graça, portanto, significa a perfeita munificência <strong>de</strong> Deus, ou seu<br />

amor imerecido, pelo qual ele nos <strong>de</strong>u uma viva <strong>de</strong>monstração, em<br />

Cristo, a fim <strong>de</strong> livrar-nos <strong>de</strong> nossa miséria. O dom é o fruto <strong>de</strong>sta<br />

misericórdia que nos alcançou, ou, seja: a reconciliação pela qual<br />

obtivemos vida e salvação. Ele é também justiça, novida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vida e<br />

muitas outras bênçãos similares. Isso claramente revela a <strong>de</strong>finição<br />

absurda <strong>de</strong> graça engendrada pelos escolásticos, ou, seja: que a graça<br />

não é outra coisa senão uma qualida<strong>de</strong> infusa nos corações dos<br />

homens. A graça, propriamente dita, está em Deus, e ela é a causa<br />

da graça que está em nós. O apóstolo diz que ela proce<strong>de</strong>u <strong>de</strong> um,<br />

visto que o Pai o fez a Fonte don<strong>de</strong> se po<strong>de</strong> extrair toda a plenitu<strong>de</strong>.<br />

E assim ele nos ensina que nem mesmo uma só gota <strong>de</strong> vida po<strong>de</strong><br />

ser encontrada fora <strong>de</strong> Cristo; e nem po<strong>de</strong> haver qualquer outro<br />

remédio para nossa pobreza e carência além daquele que ele nos<br />

oferece <strong>de</strong> sua própria abundância.<br />

16. O dom, entretanto, não é como no<br />

caso em que somente um pecou; 18<br />

porque o julgamento <strong>de</strong>rivou <strong>de</strong><br />

uma só ofensa, para con<strong>de</strong>nação;<br />

mas a graça transcorre <strong>de</strong> muitas<br />

ofensas, para a justificação.<br />

16. Et non cicut per unum qui peccaverat,<br />

ita donum; judicium enim<br />

ex uno in con<strong>de</strong>mationem, donum<br />

autem ex multis <strong>de</strong>lictis in justificationem.<br />

16. Eis a particular razão para sua correção do confronto que fez<br />

entre Adão e Cristo – a culpa prevaleceu <strong>de</strong> uma ofensa para nossa<br />

con<strong>de</strong>nação universal; a graça, porém, ou, melhor, o dom gratuito,<br />

é eficaz para justificar-nos <strong>de</strong> nossas muitas ofensas. Esta é uma<br />

explicação da frase anterior, visto que ele não tinha ainda expresso<br />

18 Muitas cópias trazem ἁμαρτήματος – pecado; mas é uma redação julgada por Greisbach <strong>de</strong><br />

menos autorida<strong>de</strong> que o texto aceito, ἁμαρτήσαντος – pecar. Mas há bons manuscritos em<br />

seu favor, e várias versões, especialmente a Siríaca e a Vulgata, e a passagem requer que<br />

esta redação seja a preferível. Então a tradução seria a seguinte:<br />

E não como por um só pecado é o dom gratuito – (δώρημα); porque o juízo <strong>de</strong>veras<br />

provém <strong>de</strong> um só pecado para a con<strong>de</strong>nação, mas o favor gratuito (χάρισμα) provém <strong>de</strong><br />

muitas transgressões para a justificação.<br />

É o caráter do estilo do apóstolo mudar suas palavras, quando amiú<strong>de</strong> preten<strong>de</strong> a mesma<br />

idéia. A comparação aqui é entre um só pecado que resulta em con<strong>de</strong>nação e as muitas<br />

transgressões ou ofensas, das quais uma justificação é o favor obtido.

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