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Comentário de Romanos

Comentário de João Calvino no livro de Romanos.

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192 • Comentário <strong>de</strong> <strong>Romanos</strong><br />

si ou em sua volta contribuía para impossibilitar o cumprimento<br />

da promessa. Ele, pois, <strong>de</strong>sistiu <strong>de</strong> pensar sobre o que via, e, por<br />

assim dizer, esqueceu-se <strong>de</strong> si mesmo a fim <strong>de</strong> dar lugar à verda<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> Deus. Entretanto, não <strong>de</strong>vemos concluir que não tivesse qualquer<br />

consi<strong>de</strong>ração para com seu próprio corpo, agora impossibilitado <strong>de</strong><br />

reproduzir, visto que a Escritura afirma, ao contrário disso, que ele<br />

arrazoava consigo mesmo: “A um homem <strong>de</strong> cem anos há <strong>de</strong> nascer<br />

um filho? dará Sara à luz com seus noventa anos?” [Gn 17.17.] Mas,<br />

visto que ele pôs <strong>de</strong> lado tais consi<strong>de</strong>rações, e visto que entregou ao<br />

Senhor toda sua dificulda<strong>de</strong> em julgar, o apóstolo diz que ele “não<br />

levou em conta seu próprio corpo”. Era um sinal maior <strong>de</strong> constância<br />

<strong>de</strong>sviar sua atenção do fato óbvio que se precipitou sobre ele do que<br />

se jamais houvera contemplado algo <strong>de</strong> tal natureza.<br />

Tanto esta passagem como Gênesis 17 e 18 comprovam plenamente<br />

que o corpo <strong>de</strong> Abraão se incapacitara <strong>de</strong> reproduzir em razão<br />

<strong>de</strong> sua ida<strong>de</strong>, antes <strong>de</strong> receber a bênção do Senhor. Não po<strong>de</strong>mos,<br />

pois, concordar com a opinião <strong>de</strong> Agostinho, que <strong>de</strong>clara em uma<br />

passagem ser o impedimento unicamente da parte <strong>de</strong> Sara. O absurdo<br />

da objeção que o induziu a buscar recurso para esta solução<br />

não <strong>de</strong>ve influenciar-nos. Agostinho sustenta que é algo ridículo<br />

qualificar Abraão incapaz <strong>de</strong> reprodução em seus cem anos, visto<br />

que ele mesmo gerou muitos filhos em tempos posteriores. Ora, este<br />

fato vem <strong>de</strong>monstrar mais plenamente o po<strong>de</strong>r <strong>de</strong> Deus. Quando<br />

Abraão, que antes fora como que uma árvore seca, sem vida, agora<br />

é revitalizado pela bênção celestial, ele não só recebe a virtu<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

gerar Isaque, mas também <strong>de</strong> ter sua ida<strong>de</strong> viril restaurada, a qual<br />

tornou-se capacitada para a produção <strong>de</strong> outra progênie. Alguém<br />

po<strong>de</strong> objetar dizendo que ser contrário à or<strong>de</strong>m da natureza que um<br />

homem gere filhos nessa ida<strong>de</strong>. Embora eu admita que tal coisa não<br />

chega a ser um prodígio, todavia não está longe do miraculoso. Mas<br />

ainda temos <strong>de</strong> levar em conta o volume <strong>de</strong> trabalhos, <strong>de</strong> sofrimentos,<br />

<strong>de</strong> andanças e <strong>de</strong> ansieda<strong>de</strong>s, com os quais se fatigara aquele<br />

santo ao longo <strong>de</strong> toda sua vida. É preciso admitir ainda que ele fora

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