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Comentário de Romanos

Comentário de João Calvino no livro de Romanos.

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Capítulo 8 • 307<br />

era nosso a fim <strong>de</strong> que nos transferisse o que era propriamente seu;<br />

pois ele tomou sobre si nossa maldição, e assim nos tem conferido<br />

suas bênçãos.<br />

O apóstolo ainda acrescenta: na carne, a fim <strong>de</strong> intensificar a<br />

certeza <strong>de</strong> nossa confiança, quando vemos que o pecado foi vencido<br />

e abolido em nossa própria natureza. Assim, segue-se que nossa<br />

natureza é realmente feita partícipe da vitória <strong>de</strong> Cristo, como Paulo<br />

presentemente também <strong>de</strong>clara.<br />

4. Para que o preceito da lei se cumprisse em nós. Os intérpretes<br />

que enten<strong>de</strong>m que os que foram renovados pelo Espírito <strong>de</strong> Cristo<br />

cumprem a lei, introduzem um falso conceito que é completamente<br />

estranho ao pensamento <strong>de</strong> Paulo. Enquanto os crentes forem peregrinos<br />

no mundo, não atingirão um progresso tal que cheguem a<br />

cumprir a lei <strong>de</strong> forma plena. Devemos, pois, aplicar esta frase ao<br />

perdão, pois quando a obediência <strong>de</strong> Cristo nos é comunicada, a<br />

lei é satisfeita, <strong>de</strong> sorte que passamos a ser consi<strong>de</strong>rados justos. A<br />

perfeição que a lei exige foi exibida na carne por esta razão, a saber:<br />

que sua rigorosa exigência não mais tem o po<strong>de</strong>r <strong>de</strong> con<strong>de</strong>nar-nos.<br />

Mas, visto que Cristo comunica sua justiça somente àqueles a quem<br />

ele une a si pelos laços <strong>de</strong> seu Espírito, Paulo menciona novamente<br />

a regeneração, para que Cristo não seja consi<strong>de</strong>rado ministro do<br />

pecado. É uma tendência comum aplicar a doutrina da tolerância<br />

paternal <strong>de</strong> Deus à concupiscência da carne, enquanto que outros,<br />

maliciosamente, caluniam esta doutrina, como se a mesma extinguisse<br />

a busca do reto viver. 7<br />

7 Os comentaristas estão divididos quanto ao significado <strong>de</strong>ste versículo. Este e o segundo<br />

parecem manter uma relação em sentido um com o outro. De modo que, se o segundo<br />

versículo se refere à jutificação, este também se refere a ele; mas se a isenção do po<strong>de</strong>r do<br />

pecado e da morte é o que se ensina no versículo anterior, o cumprimento real ou pessoal<br />

da lei é o que se preten<strong>de</strong> aqui. Alguns, tais como Pareus e Venema, consi<strong>de</strong>ram a justificação<br />

como sendo o tema <strong>de</strong> ambos os versículos; e outros, tais como Scott e Doddridge,<br />

consi<strong>de</strong>ram-no como sendo a santificação. Porém Beza, Chalmers e Calvino, um tanto<br />

inconsistentemente, consi<strong>de</strong>ram o segundo versículo como que falando da isenção do<br />

po<strong>de</strong>r ou domínio do pecado, e não <strong>de</strong> sua culpa ou con<strong>de</strong>nação, e este versículo como<br />

que falando da justiça <strong>de</strong> Cristo imputada, e não daquela justiça que os crentes recebem<br />

capacitação para exercer pelo auxílio e influência do Espírito. Os versículos parecem tão<br />

conectados ao argumento, que uma <strong>de</strong>ssas duas idéias <strong>de</strong>ve ser mantida totalmente.

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