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Comentário de Romanos

Comentário de João Calvino no livro de Romanos.

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74 • Comentário <strong>de</strong> <strong>Romanos</strong><br />

pertencentes a Deus, porém nos diz como chegar ao conhecimento <strong>de</strong><br />

seu eterno po<strong>de</strong>r e divinda<strong>de</strong>. 37 Aquele que é o Autor <strong>de</strong> todas as coisas<br />

<strong>de</strong>ve necessariamente ser sem princípio e incriado. Ao fazermos<br />

tal <strong>de</strong>scoberta sobre Deus, sua divinda<strong>de</strong> se <strong>de</strong>scortina diante <strong>de</strong> nós,<br />

e esta divinda<strong>de</strong> só existe quando acompanhada <strong>de</strong> todos os atributos<br />

divinos, visto que todos eles se acham incluídos nesta divinda<strong>de</strong>.<br />

Tais homens são in<strong>de</strong>sculpáveis. Isso prova nitidamente o quanto<br />

os homens po<strong>de</strong>m lucrar com a <strong>de</strong>monstração da existência <strong>de</strong> Deus,<br />

ou, seja: total incapacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> apresentar qualquer <strong>de</strong>fesa que os<br />

impeça <strong>de</strong> serem justamente acusados diante do tribunal divino. Devemos,<br />

pois, fazer a seguinte distinção: a manifestação <strong>de</strong> Deus, pela<br />

qual ele faz sua glória notória entre suas criaturas, é suficientemente<br />

clara até on<strong>de</strong> sua própria luz se manifesta. Entretanto, em razão <strong>de</strong><br />

nossa cegueira, ela se torna ina<strong>de</strong>quada. Porém não somos tão cegos<br />

que possamos alegar ignorância sem estar convictos <strong>de</strong> perversida<strong>de</strong>.<br />

Formamos uma concepção da divinda<strong>de</strong> e então concluímos que estamos<br />

sob a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> cultuar tal Ser, seja qual for seu caráter.<br />

Nosso juízo, contudo, fracassa aqui antes <strong>de</strong> <strong>de</strong>scobrirmos a natureza<br />

ou caráter <strong>de</strong> Deus. Daí o apóstolo, em Hebreus 11.3, atribui à fé a luz<br />

por meio da qual uma pessoa po<strong>de</strong> obter real conhecimento da obra da<br />

criação. Ele tem boas razões para agir assim, pois somos, em virtu<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> nossa cegueira, impedidos <strong>de</strong> alcançar nosso alvo. E todavia vemos<br />

suficientemente bem para ficarmos totalmente sem justificativa.<br />

Ambas estas verda<strong>de</strong>s são bem <strong>de</strong>monstradas pelo apóstolo em Atos<br />

14.16-17, quando diz que o Senhor, em tempos passados, <strong>de</strong>ixou as<br />

37 Divinitas, θείοτης, somente aqui, e não θεότης, como em Colossenses 1.9. Elsner e outros<br />

fazem diferença entre essas duas palavras, e dizem que a primeira significa a divinda<strong>de</strong><br />

ou a majesta<strong>de</strong> <strong>de</strong> Deus, e que a segunda significa sua natureza ou ser. Parece haver<br />

a idéia <strong>de</strong> bonda<strong>de</strong> comunicada na palavra θείοτης; pois no versículo seguinte há duas<br />

coisas aplicadas à responsabilida<strong>de</strong> dos gentios que levam consigo uma referência às<br />

duas coisas ditas aqui – não o glorificaram como Deus e nem lhe <strong>de</strong>ram graças. Ele se<br />

fez conhecido como Deus por meio do po<strong>de</strong>r e pelo exercício benéfico <strong>de</strong>sse po<strong>de</strong>r ele<br />

reivindicou a gratidão <strong>de</strong> suas criaturas. Vejam-se Atos 14.15 e 17.25, 27.<br />

Venema, em sua nota sobre esta passagem, mostra que a bonda<strong>de</strong> era consi<strong>de</strong>rada por<br />

muitos <strong>de</strong>ntre os pagãos como o atributo primário da Deida<strong>de</strong>. Entre os gregos, bonda<strong>de</strong>,<br />

τὸ ἀγαθὸν, era a expressão pela qual o Ser Supremo se distinguia. E parece evi<strong>de</strong>nte, à luz<br />

do contexto, que o Apóstolo incluiu esta idéia especialmente na palavra θείοτης.

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