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Comentário de Romanos

Comentário de João Calvino no livro de Romanos.

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Capítulo 8 • 341<br />

mo tempo sua antecipação a uma [possível] objeção. O juízo carnal<br />

reclama que Deus <strong>de</strong>finitivamente não parece ouvir nossas orações,<br />

visto que nossas aflições prosseguem sem intermitência. O apóstolo,<br />

pois, antecipa esta reclamação, e diz que, embora Deus não socorra<br />

prontamente a seu povo, contudo jamais o abandona, pois, através <strong>de</strong><br />

um maravilhoso dispositivo, ele <strong>de</strong> tal forma converte suas aparentes<br />

perdas em meios que promovam sua salvação. Não faço objeção se<br />

alguém prefere ler esta cláusula isoladamente, como se Paulo procurasse<br />

provar, usando um novo argumento, que não <strong>de</strong>vemos alimentar<br />

tristeza ou pesar por termos que suportar as adversida<strong>de</strong>s que, ao<br />

mesmo tempo, prestam assistência à nossa salvação. Entrementes,<br />

o propósito <strong>de</strong> Paulo é evi<strong>de</strong>nte. Embora os eleitos e os réprobos se<br />

vejam expostos, sem distinção, aos mesmos males, todavia existe<br />

uma enorme diferença entre eles, pois Deus instrui os crentes pela<br />

instrumentalida<strong>de</strong> das aflições e consolida sua salvação.<br />

Devemos, contudo, ter em mente que o apóstolo está falando<br />

apenas <strong>de</strong> adversida<strong>de</strong>s, como a dizer: “Tudo quanto sobrevem aos<br />

santos é <strong>de</strong> tal forma controlado por Deus, que o resultado final<br />

revela que aquilo que o mundo tem como nocivo, para os santos<br />

é bênção.” Agostinho ousa dizer que até mesmo os pecados dos<br />

santos, até on<strong>de</strong> eles sirvam aos propósitos da providência divina,<br />

se lhes afiguram como que colaboradores em sua salvação. Esta<br />

afirmação, contudo, ainda que verda<strong>de</strong>ira, não se relaciona com a<br />

presente passagem, a qual está a tratar da cruz. Deve-se observar<br />

que o apóstolo incluiu no amor <strong>de</strong> Deus a totalida<strong>de</strong> da verda<strong>de</strong>ira<br />

religião. Toda a meta da justiça <strong>de</strong>veras <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> disto.<br />

Aqueles que são chamados segundo o seu propósito. Tudo indica<br />

que esta cláusula foi adicionada à guisa <strong>de</strong> correção. Ninguém<br />

<strong>de</strong>ve concluir que, em razão <strong>de</strong> os crentes amarem a Deus, eles gozam<br />

da vantagem <strong>de</strong> colher <strong>de</strong> suas adversida<strong>de</strong>s gran<strong>de</strong> contingente <strong>de</strong><br />

frutos, e isso por seus próprios méritos. Pois é <strong>de</strong> nossa experiência<br />

que quando as pessoas passam a discutir sobre a salvação, começam<br />

alegremente a falar <strong>de</strong> si próprias e se enveredam em direção às

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