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Comentário de Romanos

Comentário de João Calvino no livro de Romanos.

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Capítulo 9 • 395<br />

não seja livre para tratar com suas criaturas segundo seu justo modo<br />

<strong>de</strong> proce<strong>de</strong>r. Isso parece <strong>de</strong>sagradável a muitos. Outros alegam ainda<br />

que Deus seria muitíssimo <strong>de</strong>sonrado caso um po<strong>de</strong>r tão arbitrário<br />

lhe seja atribuído. Mas seu escrúpulo faz <strong>de</strong>les melhores teólogos<br />

que Paulo, o qual estabeleceu como regra <strong>de</strong> humilda<strong>de</strong> para os<br />

crentes, que <strong>de</strong>vessem erguer os olhos para a soberania divina, e<br />

que não seja ela medida pelos seus tacanhos critérios.<br />

Ele reprime a ten<strong>de</strong>nciosa arrogância <strong>de</strong> se conten<strong>de</strong>r com<br />

Deus, fazendo uso <strong>de</strong> uma metáfora mui apropriada, na qual sua<br />

alusão parece ser a Isaías 45.9, e não a Jeremias 18.6. A verda<strong>de</strong> que<br />

apren<strong>de</strong>mos <strong>de</strong> Jeremias é aquela em que Israel se acha na mão do<br />

Senhor, <strong>de</strong> modo que, por causa <strong>de</strong> seus pecados, Deus po<strong>de</strong> quebrá-lo<br />

em muitos pedaços, como faz um oleiro a seu vaso <strong>de</strong> barro.<br />

Mas Isaías avança mais. Diz ele: “Ai daquele que conten<strong>de</strong> com o seu<br />

Criador! e não passa <strong>de</strong> um caco <strong>de</strong> barro entre outros cacos. Acaso<br />

dirá o barro ao que lhe dá forma: Que fazes?” Não há, seguramente,<br />

nenhuma razão plausível para um mortal imaginar-se superior a um<br />

vaso <strong>de</strong> barro, quando é ele confrontado com Deus. Não obstante,<br />

não carece que nos preocupemos em aplicar esta citação a nosso<br />

presente tema, visto que Paulo quis aludir às palavras do profeta<br />

somente com o intuito <strong>de</strong> fazer sua metáfora mais significativo. 23<br />

21. Ou não tem o oleiro direito sobre a massa? Esta é a razão por<br />

que a coisa formada jamais <strong>de</strong>ve discutir com aquele que a formou,<br />

porque este tem direito <strong>de</strong> fazê-la como queira. O termo direito não<br />

significa que o mo<strong>de</strong>lador tenha o direito ou o po<strong>de</strong>r <strong>de</strong> fazer o que<br />

lhe agrada, mas que o po<strong>de</strong>r <strong>de</strong> agir com retidão lhe pertence. Paulo<br />

não preten<strong>de</strong> reivindicar para Deus um po<strong>de</strong>r <strong>de</strong>sor<strong>de</strong>nado, senão<br />

que lhe atribui o po<strong>de</strong>r <strong>de</strong> agir com perfeita eqüida<strong>de</strong>.<br />

23 As palavras no versículo 20 são extraídas quase que literalmente <strong>de</strong> Isaías 29.16; só a<br />

última frase é um pouco diferente. A sentença é “μὴ ἐρε τὸ πλάσμα τ πλάσαντι αὐτὸ, οὐ<br />

σύ με ἔπλασας – o que é formado dirá a seu mo<strong>de</strong>lador: Tu não me formaste?” Esta é uma<br />

tradução fiel do hebraico.<br />

Então as palavras do versículo 21 não são verbalmente extraídas <strong>de</strong> um dos dois lugares<br />

supra-referidos; mas o símile é adotado.

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