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Comentário de Romanos

Comentário de João Calvino no livro de Romanos.

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298 • Comentário <strong>de</strong> <strong>Romanos</strong><br />

exame <strong>de</strong> seus <strong>de</strong>feitos, os santos não <strong>de</strong>vem jamais esquecer o que<br />

já receberam das mãos <strong>de</strong> Deus. 35 Além do mais, a lembrança <strong>de</strong> já<br />

haverem sido recebidos na proteção divina, <strong>de</strong> que jamais perecerão<br />

e <strong>de</strong> que já produziram os frutos do Espírito, os quais solidificam<br />

sua esperança direcionada para a herança eterna, é suficiente para<br />

refrear sua impaciência e cultivar a paz <strong>de</strong> espírito. Embora ainda<br />

não usufruam da prometida glória celestial, todavia, uma vez que se<br />

sentem felizes com aquela medida que já obtiveram, nunca vivem<br />

<strong>de</strong>stituídos <strong>de</strong> suficientes razões para o cultivo da alegria.<br />

De maneira que eu, em mim mesmo, com a mente sou escravo<br />

da lei <strong>de</strong> Deus. Neste breve epílogo, Paulo nos ensina que os crentes<br />

jamais alcançam a meta da justiça enquanto habitam a carne,<br />

senão que prosseguirão em seu curso até <strong>de</strong>spirem-se do corpo.<br />

Ele novamente aplica a palavra mente, não aquela parte racional<br />

da alma tão celebrada pelos filósofos, mas, sim, aquela parte que é<br />

iluminada pelo Espírito <strong>de</strong> Deus, para que possam compreen<strong>de</strong>r e<br />

querer corretamente. O apóstolo não só menciona o entendimento,<br />

mas também o relaciona com o sincero <strong>de</strong>sejo do coração. Com esta<br />

exceção, ele confessa que se sente <strong>de</strong>votado a Deus, sim, mas <strong>de</strong><br />

tal maneira que, enquanto viver neste mundo, é ainda contaminado<br />

com muitas e variadas corrupções. Esta passagem é mui notável<br />

para con<strong>de</strong>nar aqueles dogmas perniciosos oriundos dos puristas<br />

[cathari], os quais alguns espíritos subversivos e turbulentos procuram<br />

reativar nesta presente época. 36<br />

35 Há uma redação diferente para a primeira cláusula <strong>de</strong>ste versículo: χάρις τῳ θέῳ, “graças a<br />

Deus”. Griesbach diz que é quase igual ao texto aceito. E há umas poucas cópias que trazem<br />

ἡ χάρις κυρίου, “a graça <strong>de</strong> nosso Senhor” etc. O que apresenta uma resposta direta à pergunta<br />

anterior. Mas um número mais consi<strong>de</strong>rável tem ἡ χάρις του θέου, “a graça <strong>de</strong> Deus”.<br />

36 “I<strong>de</strong>m ego – o mesmo Eu”, ou: “Eu o mesmo”; αὐτὸς ἐγὼ Beza faz a mesma tradução: “i<strong>de</strong>m<br />

ego”, e faz esta observação: “Isso era a<strong>de</strong>quado ao se segue, pelo qual um homem parece<br />

ter sido dividido em dois.” Outros o traduzem “ipse ego – Eu mesmo”, e dizem que Paulo<br />

usou essa dicção <strong>de</strong> forma enfática para que ninguém suspeitasse que ele falava na<br />

pessoa <strong>de</strong> outro. Vejam-se 9.3; 2 Coríntios 10.1, 12, 13. A frase implica isto: “Eu mesmo, e<br />

nenhum outro.”<br />

Ele intitula seu pecado inerente <strong>de</strong> “a carne”. Pelo termo carne, diz Pareus, “não se quer<br />

dizer fisicamente a substância muscular, mas teologicamente a <strong>de</strong>pravação da natureza:<br />

não apenas a sensualida<strong>de</strong>, mas a razão, a vonta<strong>de</strong> e as afeições não regeneradas.”

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