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Comentário de Romanos

Comentário de João Calvino no livro de Romanos.

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72 • Comentário <strong>de</strong> <strong>Romanos</strong><br />

o injuriamos <strong>de</strong> duas formas. ̕Ασέβεια, impieda<strong>de</strong>, implica na <strong>de</strong>sonra<br />

<strong>de</strong> Deus, enquanto que ἀδικία, injustiça, significa que o homem, ao<br />

transferir para si o que pertence a Deus, tem injustamente privado a<br />

Deus <strong>de</strong> sua <strong>de</strong>vida honra. O termo ira, referindo-se a Deus em termos<br />

humanos como é comum na Escritura, significa a vingança <strong>de</strong> Deus,<br />

pois quando ele pune, segundo nosso modo <strong>de</strong> pensar, ele aparenta<br />

estar irado. O termo, pois, revela não a atitu<strong>de</strong> emocional <strong>de</strong> Deus, e,<br />

sim, as sensações do pecador que é punido. Paulo, pois, diz que a ira<br />

<strong>de</strong> Deus é revelada do céu, conquanto a expressão do céu é tomada por<br />

alguns como um adjetivo, como se ele dissesse: a ira do Deus celestial.<br />

Em minha opinião, contudo, é mais enfático dizer: “Para qualquer parte<br />

que o homem olhe, ele não encontrará salvação alguma, pois a ira<br />

<strong>de</strong> Deus é <strong>de</strong>rramada sobre o mundo inteiro e permeia toda a extensão<br />

do céu.”<br />

A verda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Deus significa o genuíno conhecimento <strong>de</strong> Deus, e<br />

substituir a verda<strong>de</strong> é suprimi-la ou obscurecê-la; daí serem eles acusados<br />

<strong>de</strong> latrocínio. Em injustiça é um hebraísmo, e significa injustamente<br />

[injuste], porém levamos em conta sua perspicuida<strong>de</strong>. 34<br />

19. Porque o que <strong>de</strong> Deus se po<strong>de</strong> conhecer é manifesto entre<br />

eles. Paulo assim <strong>de</strong>signa qual a proprieda<strong>de</strong> ou expediente para adquirirmos<br />

conhecimento acerca <strong>de</strong> Deus, e indica tudo o que se presta<br />

para anunciar a glória do Senhor, ou – o que é a mesma coisa – tudo<br />

quanto <strong>de</strong>ve induzir-nos ou incitar-nos a glorificar a Deus. Isso suben-<br />

34 Esta cláusula, τω̑ν τὴν ἀλήθειαν ἐν ἀδικία κατεχόντων, é traduzida <strong>de</strong> forma diferenciada:<br />

“Veritatem injuste <strong>de</strong>tinentes – sustendo injustamente a verda<strong>de</strong>”, Turrettin; “Que abafam<br />

a verda<strong>de</strong> em injustiça”, Chalmers; “Que obstaculam a verda<strong>de</strong> por meio da injustiça”,<br />

Stuart; “Que impiamente se opõem à verda<strong>de</strong>”, Hog<strong>de</strong>; “Que confinam a verda<strong>de</strong> pela injustiça”,<br />

Macknight.<br />

“Precipitaram-se <strong>de</strong> ponta cabeça”, diz Pareus, “na impieda<strong>de</strong> contra Deus e na injustiça<br />

contra uns aos outros, não movidos <strong>de</strong> ignorância, mas conscientemente; não movidos<br />

<strong>de</strong> fraqueza, mas espontânea e maliciosamente. E isto o Apóstolo expressa fazendo uso<br />

<strong>de</strong> uma metáfora extraordinária, tomada dos tiranos que, contra o direito e a justiça, em<br />

violência aberta, oprimem os inocentes, retendo-os com ca<strong>de</strong>ias e <strong>de</strong>tendo-os em prisão.”<br />

O sentido dado por Schleusner e alguns outros, “Qui cum veri Dei cognitione pravitatem<br />

vitæ conjungunt – que conectam a vida perversa com um conhecimento do Deus verda<strong>de</strong>iro”,<br />

parece não concordar com o contexto.<br />

“A verda<strong>de</strong>” significa aquilo que diz respeito ao ser e po<strong>de</strong>r <strong>de</strong> Deus especificado mais<br />

adiante.

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