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Comentário de Romanos

Comentário de João Calvino no livro de Romanos.

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158 • Comentário <strong>de</strong> <strong>Romanos</strong><br />

todo excluída, visto não po<strong>de</strong>rmos produzir nada por nós mesmos<br />

que mereça a aprovação ou o louvor <strong>de</strong> Deus. Contudo, se mérito é<br />

uma questão <strong>de</strong> vanglória, quer a chamemos <strong>de</strong> ‘mérito côngruo’ ou<br />

‘mérito condigno’, por meio do qual alguém po<strong>de</strong> reconciliar Deus<br />

consigo mesmo, vemos que ambos são aqui <strong>de</strong>struídos. Paulo não<br />

está preocupado com a diminuição ou mo<strong>de</strong>ração do mérito, senão<br />

que não <strong>de</strong>ixa ficar uma só partícula <strong>de</strong>le. Além disso, se a fé remove<br />

a ostentação das obras, <strong>de</strong> tal forma que não po<strong>de</strong> ser proclamado<br />

puramente sem privar totalmente os homens <strong>de</strong> todo e qualquer<br />

louvor, ao atribuir tudo à misericórdia <strong>de</strong> Deus, segue-se que obra<br />

alguma é <strong>de</strong> algum valor para obter-se a justiça.<br />

Das obras? Em que sentido o apóstolo nega, aqui, que nossos<br />

méritos estão excluídos pela lei, quando, antes, provou nossa con<strong>de</strong>nação<br />

pela lei? Se a lei entrega a todos nós à morte, que glória<br />

po<strong>de</strong>ríamos obter <strong>de</strong>la? Ao contrário, não priva ela, a todos nós, <strong>de</strong><br />

nos gloriarmos, e não nos cobre ela <strong>de</strong> opróbrio? Ele <strong>de</strong>monstrou,<br />

pois, que nosso pecado está exposto pelo juízo da lei, visto que todos<br />

nós <strong>de</strong>ixamos <strong>de</strong> observá-la. O que ele tem em mente, aqui, é que,<br />

se a justiça consistisse na lei das obras, então nossa vanglória não<br />

seria excluída; porém, visto que ela proce<strong>de</strong> da fé somente, então<br />

não há nada que possamos reivindicar como nosso, porquanto a<br />

fé recebe tudo <strong>de</strong> Deus, e não apresenta nada senão uma humil<strong>de</strong><br />

confissão <strong>de</strong> carência.<br />

Deve-se observar cuidadosamente este contraste entre fé e obras,<br />

porquanto as obras são aqui mencionadas universalmente sem qualquer<br />

adição. Ele, pois, está se referindo não apenas a observâncias<br />

cerimoniais, nem especificamente a algumas obras externas, porém<br />

inclui todos os méritos provenientes das obras que se possam porventura<br />

imaginar.<br />

O termo lei é aqui impropriamente aplicado à fé, porém isso <strong>de</strong><br />

forma alguma obscurece a intenção do apóstolo. Ele tem em mente<br />

que, quando se busca o domínio da fé, toda e qualquer ostentação<br />

posta nas obras fica <strong>de</strong>struída. É como se estivesse dizendo que

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