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Comentário de Romanos

Comentário de João Calvino no livro de Romanos.

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414 • Comentário <strong>de</strong> <strong>Romanos</strong><br />

veementemente o orgulho que os hipócritas baforavam – embora se<br />

ocultassem sob o insuspeito disfarce <strong>de</strong> zelo –, dizendo que todos<br />

eles se opunham e se revoltavam contra a justiça divina.<br />

4. Porque o fim da lei é Cristo. Creio que o termo cumprimento<br />

ou consumação, 3 como Erasmo o traduziu, é completamente impróprio<br />

a esta passagem. Entretanto, visto que a outra tradução recebeu<br />

aprovação quase universal, e é também bastante a<strong>de</strong>quada, <strong>de</strong>ixo<br />

aos meus leitores que escolham a que lhes convier.<br />

O apóstolo aqui refuta a objeção que se po<strong>de</strong>ria engendrar contra<br />

ele. Aos ju<strong>de</strong>us po<strong>de</strong>ria parecer que haviam tomado a vereda certa,<br />

visto que haviam se <strong>de</strong>votado à justiça da lei. Era imprescindível que<br />

Paulo reprovasse essa falsa opinião. Ele faz isso aqui, mostrando que<br />

os que buscam justificar-se por meio <strong>de</strong> suas próprias obras não<br />

passam <strong>de</strong> falsos intérpretes da lei, visto que a lei fora promulgada<br />

para guiar-nos pela mão a outra justiça. Aliás, cada doutrina da lei,<br />

cada mandamento, cada promessa, sempre aponta para Cristo. Portanto,<br />

<strong>de</strong>vemos aplicar a ele todas suas partes. Mas não po<strong>de</strong>mos<br />

fazer isso, a menos que sejamos <strong>de</strong>spidos <strong>de</strong> toda e qualquer justiça,<br />

sejamos totalmente dominados pelo conhecimento <strong>de</strong> nosso pecado<br />

e busquemos aquela justiça imerecida que só <strong>de</strong>le proce<strong>de</strong>.<br />

Aquele grosseiro abuso que os ju<strong>de</strong>us praticam contra a lei, que<br />

em seus feitos perversos transformam em pedra <strong>de</strong> tropeço aquilo<br />

que <strong>de</strong>veria ser seu próprio auxílio, é conseqüentemente e com justa<br />

razão censurado. Aliás, é evi<strong>de</strong>nte que vergonhosamente haviam<br />

mutilado a lei <strong>de</strong> Deus, ao rejeitarem seu espírito e apegarem-se<br />

ao corpo morto da letra. A lei promete recompensar àqueles que a<br />

observam. Não obstante, ao encerrar a todos <strong>de</strong>baixo da maldição<br />

<strong>de</strong> culpa eterna, ela nos conduz a uma nova justiça, em Cristo, a<br />

qual não po<strong>de</strong> ser adquirida através dos méritos proce<strong>de</strong>ntes <strong>de</strong><br />

3 “Complementum – o complemento”, o preenchimento completo, a completação. A palavra<br />

τέλος, ‘fim’, é usada <strong>de</strong> várias maneiras, no sentido <strong>de</strong>: 1. O término <strong>de</strong> alguma coisa,<br />

seja do mal ou da vida etc. [Mt 10.22; Jo 13.1]; 2. consumação ou cumprimento [Lc 22.37;<br />

1Tm 1.9]; 3. o resultado, o efeito, a conseqüência [6.21; 1Pe 1.9; 2Co 11.15]; 4. tributo ou<br />

custo [13.7]; 5. a coisa primordial, sumário ou substância [1Pe 3.8].

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