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Comentário de Romanos

Comentário de João Calvino no livro de Romanos.

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90 • Comentário <strong>de</strong> <strong>Romanos</strong><br />

con<strong>de</strong>nar], é bom notarmos a intensificação que o apóstolo usa ao con<strong>de</strong>ná-los.<br />

É exatamente como se estivesse dizendo: “Tu és duplamente<br />

merecedor <strong>de</strong> con<strong>de</strong>nação, pois levas a culpa dos mesmos vícios que<br />

con<strong>de</strong>nas e reprovas em outrem.” É um dito bem notório que aqueles<br />

que impõem a outrem uma regra <strong>de</strong> vida, reivindicam inocência, mo<strong>de</strong>ração<br />

e toda virtu<strong>de</strong>, e que não merecem perdão algum se cometem<br />

os mesmos erros que têm pretendido corrigir em outrem.<br />

Visto que, ao julgares, praticas as mesmas coisas. Esta é a tradução<br />

literal, porém o significado é o seguinte: “É verda<strong>de</strong> que julgas, não obstante<br />

fazes o mesmo.” Ele afirma que procediam assim em razão <strong>de</strong> não<br />

se acharem em plena sanida<strong>de</strong> mental, visto que pecado propriamente<br />

dito pertence à esfera da mente. E assim, neste aspecto, eles con<strong>de</strong>nam<br />

a si próprios porque, ao reprovarem um ladrão, um adúltero ou um<br />

caluniador, não estão simplesmente con<strong>de</strong>nando pessoas, e, sim, os<br />

vícios que são inseparáveis das pessoas. 1<br />

2. E sabemos que o juízo <strong>de</strong> Deus é segundo a verda<strong>de</strong>, contra<br />

os que praticam tais coisas. O propósito do apóstolo é esvaziar os<br />

hipócritas <strong>de</strong> sua ufania, <strong>de</strong> modo a <strong>de</strong>ixarem <strong>de</strong> crer que realmente<br />

haviam granjeado tudo caso fossem aplaudidos pelo mundo ou estivessem<br />

isentos <strong>de</strong> culpa. Um juízo bem diferente os aguarda no céu.<br />

Além do mais, ele os acusa <strong>de</strong> impureza inerente. Isso, contudo, não<br />

po<strong>de</strong> ser provado nem convencido pelo testemunho humano, visto que<br />

se acha oculto dos olhos humanos, e por isso ele apela para o juízo<br />

<strong>de</strong> Deus, aos olhos <strong>de</strong> quem as próprias trevas não po<strong>de</strong>m ocultar e<br />

que necessariamente <strong>de</strong>ve ser sentido pelo próprio pecador, quer<br />

queira quer não.<br />

1 A maioria confessa que o ilativo, διο, no início do versículo, dificilmente po<strong>de</strong> ser explicado.<br />

A inferência do prece<strong>de</strong>nte não é muito evi<strong>de</strong>nte. Em minha opinião, aqui temos um<br />

caso <strong>de</strong> hebraísmo; e a referência não é ao que prece<strong>de</strong>u, mas ao que vem em seguida.<br />

Não é propriamente um ilativo, mas antecipa uma razão <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> dada, comunicada por<br />

pois ou porque. Seu sentido será visto na seguinte versão:<br />

Por esta razão, és inescusável, ó homem, quem quer que sejas, que con<strong>de</strong>nas a outrem,<br />

porque, no que con<strong>de</strong>nas a outrem, tu con<strong>de</strong>nas a ti mesmo; pois tu que con<strong>de</strong>nas fazes<br />

as mesmas coisas.<br />

O verbo κρίνω contém aqui a idéia <strong>de</strong> con<strong>de</strong>nar ou <strong>de</strong> <strong>de</strong>clarar juízo; julgar não é suficientemente<br />

distinto.

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