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Comentário de Romanos

Comentário de João Calvino no livro de Romanos.

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Capítulo 3 • 131<br />

lhe é também atribuída, então é completamente injusto que aquele<br />

que tem servido a glória <strong>de</strong> Deus seja ainda punido como pecador. 7<br />

8. Pratiquemos males para que venham bens. Esta é uma sentença<br />

elíptica, e para compreendê-la é preciso completá-la assim: “E<br />

por que não se diz logo (como caluniosamente somos acusados) que<br />

praticamos o mal para que surja o bem?” Entretanto, o apóstolo não<br />

crê que este vil embuste seja digno <strong>de</strong> resposta, embora seja ele contestado<br />

com justa razão. O pretexto do ímpio consiste simplesmente<br />

no seguinte: se Deus é glorificado através <strong>de</strong> nossa iniqüida<strong>de</strong>, e se<br />

nada é mais importante para o homem nesta vida do que promover<br />

a glória <strong>de</strong> Deus, então que pequemos para o triunfo <strong>de</strong> sua glória!<br />

A resposta a isso é simples: o mal, por sua própria natureza, nada<br />

po<strong>de</strong> produzir senão o mal. E se a glória <strong>de</strong> Deus se torna ainda mais<br />

radiante em confronto com nosso pecado, então este fato não é obra<br />

do homem, e, sim, <strong>de</strong> Deus, o qual, como habilidoso artesão, sabe<br />

como dominar nossa perversida<strong>de</strong> e direcioná-la rumo a outro propósito,<br />

convertendo-a em algo contrário a nossas maquinações, para<br />

a promoção <strong>de</strong> sua própria glória. Deus prescreveu a pieda<strong>de</strong> como<br />

a vereda pela qual ele quer ser por nós glorificado, pieda<strong>de</strong> esta que<br />

consiste na obediência à Palavra <strong>de</strong> Deus; e a pessoa que transgri<strong>de</strong><br />

estes limites não busca a honra <strong>de</strong> Deus, e, sim, sua <strong>de</strong>sonra. O fato<br />

<strong>de</strong> o resultado ser diferente <strong>de</strong>ve ser atribuído à providência divina,<br />

e não à perversida<strong>de</strong> humana, a qual é fomentada não só para injuriar<br />

a majesta<strong>de</strong> divina, como também para <strong>de</strong>struí-la totalmente. 8<br />

7 É notável como o apóstolo muda suas palavras do terceiro versículo para o final <strong>de</strong>ste,<br />

enquanto as mesmas coisas estão essencialmente implícitas. Seu estilo é totalmente<br />

hebraís ta. Stuart faz estas justas observações: “ Ἀδικία é aqui [v. 5] a <strong>de</strong>signação genérica<br />

<strong>de</strong> pecado, para o qual um nome específico, ἀπιστία, foi empregado no versículo 3, e<br />

ψευ̑σμα, no versículo 7. Da mesma maneira δικαιοσύνη no vesículo 5, que é uma <strong>de</strong>signação<br />

genérica, é expressa por um πίστιν específico, no versículo 3, e por ἀλήθεια no versículo<br />

7. A idéia é substancialmente a mesma, a qual é <strong>de</strong>signada por essas <strong>de</strong>signações respectivamente<br />

correspon<strong>de</strong>ntes. Fi<strong>de</strong>lida<strong>de</strong>, retidão, integrida<strong>de</strong> são <strong>de</strong>signadas por πίστιν,<br />

δικαιοσύνην e ἀλήθεια; enquanto ἀπιστία, ἀδικία e ψευ̑σματι <strong>de</strong>signam infi<strong>de</strong>lida<strong>de</strong>, falta <strong>de</strong><br />

retidão e falsa conduta. Todos esses termos têm mais ou menos referência ao tyrb, pacto<br />

ou compromisso (por assim dizer) que existe entre Deus e seu antigo povo.”<br />

8 Grotius pensa que no início <strong>de</strong>ste versículo há uma transposição, e que ὅτι, <strong>de</strong>pois do<br />

parêntese, <strong>de</strong>ve ser construído antes <strong>de</strong> μὴ que o prece<strong>de</strong>, e que ὅτι é para cur, por que –

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