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Comentário de Romanos

Comentário de João Calvino no livro de Romanos.

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412 • Comentário <strong>de</strong> <strong>Romanos</strong><br />

cionamos no último capítulo – que sua apostasia da lei proce<strong>de</strong>ra<br />

<strong>de</strong> seu ódio pelos homens. 1<br />

2. Porque lhes dou testemunho. O objetivo <strong>de</strong>ste versículo era<br />

granjear a confiança <strong>de</strong>les em seu afeto. Havia uma boa razão por<br />

que ele <strong>de</strong>via consi<strong>de</strong>rá-los com compaixão e não com ódio, visto<br />

perceber que sua queda tinha por base mera ignorância e não a<br />

perversida<strong>de</strong> <strong>de</strong> sua mente, e especialmente porque via que eram<br />

induzidos a perseguir o reino <strong>de</strong> Cristo puramente com base em alguma<br />

afeição que tinham por Deus. Aprendamos, porém, <strong>de</strong>ste fato<br />

aon<strong>de</strong> nossas boas intenções po<strong>de</strong>m levar-nos caso nos <strong>de</strong>ixemos<br />

governar por elas. Comumente cremos que é uma excelente escusa<br />

alegar que a culpa não correspon<strong>de</strong> a uma má intenção. Quantas<br />

pessoas na atualida<strong>de</strong> são impedidas por esse pretexto, empregando<br />

todos seus esforços em perscrutar a verda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Deus, visto acreditarem<br />

que qualquer erro que porventura tenham cometido por<br />

ignorância, sem malícia premeditada, e <strong>de</strong>veras com boas intenções,<br />

será justificado. E no entanto nenhum <strong>de</strong> nós se vê possibilitado <strong>de</strong><br />

justificar os ju<strong>de</strong>us por terem eles crucificado a Cristo, tratado os<br />

apóstolos com bárbara cruelda<strong>de</strong> e por terem tentado <strong>de</strong>struir e<br />

extinguir o evangelho, ainda que apresentem a mesma justificativa<br />

em que confiadamente se gloriam. Fora, pois, com tais equívocos<br />

fúteis adornados com boas intenções! Se buscarmos a Deus <strong>de</strong> todo<br />

o coração, então sigamos o único caminho pelo qual temos acesso a<br />

ele. Como disse Agostinho, é melhor prosseguir no caminho certo,<br />

mesmo coxeando, do que sair correndo <strong>de</strong>le com todo nosso empenho.<br />

Se queremos ser <strong>de</strong> fato religiosos, lembremo-nos daquela<br />

verda<strong>de</strong> ensinada por Lactâncio: a única religião verda<strong>de</strong>ira é aquela<br />

que se acha conectada com a Palavra <strong>de</strong> Deus. 2<br />

1 O latim <strong>de</strong> Calvino para este versículo é: “Fratres, benevolentia certè cordis mei et <strong>de</strong>precatio<br />

ad Deum super Israel est in salutem – Irmãos, <strong>de</strong> fato a boa vonta<strong>de</strong> <strong>de</strong> meu<br />

coração, e oração a Deus por Israel, é por sua salvação.” A palavra para “boa vonta<strong>de</strong>”,<br />

εὐδοκία, significa uma boa disposição para com outrem. Significa aqui uma benevolência<br />

ou sincero <strong>de</strong>sejo; ou, segundo Teofilato, um ar<strong>de</strong>nte <strong>de</strong>sejo.<br />

2 “Um zelo <strong>de</strong> Deus”, ζήλον θεου̑, é um zelo por Deus, um caso genitivo do objeto. Alguns<br />

consi<strong>de</strong>ram ‘Deus’ aqui no sentido <strong>de</strong> algo gran<strong>de</strong>, como às vezes é usado em hebraico, e

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