27.05.2014 Views

Comentário de Romanos

Comentário de João Calvino no livro de Romanos.

Comentário de João Calvino no livro de Romanos.

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

450 • Comentário <strong>de</strong> <strong>Romanos</strong><br />

em razão <strong>de</strong> seus pecados. Todavia, ao inquirirmos sobre a fonte <strong>de</strong><br />

sua ruína, teremos que reconhecer que já estavam amaldiçoados por<br />

Deus, e que todas suas obras, palavras e propósitos não po<strong>de</strong>riam<br />

conduzi-los senão à maldição. Realmente, a causa da reprovação<br />

eterna se acha tão velada <strong>de</strong> nós, que jamais po<strong>de</strong>ríamos fazer<br />

outra coisa senão prostrar-nos aturdidos ante o conselho secreto<br />

<strong>de</strong> Deus, como veremos mais extensamente à luz da conclusão do<br />

apóstolo. É loucura tentar ocultar sob o manto <strong>de</strong> causas imediatas<br />

a causa primeira que se acha velada <strong>de</strong> nossa observação, tão logo<br />

ouvimos sua menção, como se Deus não houvera soberanamente<br />

<strong>de</strong>terminado, antes mesmo da queda <strong>de</strong> Adão, fazer o que entendia<br />

ser o melhor para toda a raça humana. É loucura, sim, porque Deus<br />

con<strong>de</strong>na a corrupção humana, bem como sua <strong>de</strong>pravada progênie, e<br />

ainda porque in<strong>de</strong>nizará os homens, individualmente, segundo seus<br />

<strong>de</strong>svarios justamente merecem.<br />

8. Deus lhes <strong>de</strong>u espírito <strong>de</strong> entorpecimento. A passagem aqui<br />

citada <strong>de</strong> Isaías é, estou bem certo, a mesma que Lucas usa em Atos<br />

como havendo sido extraída <strong>de</strong> Isaías, ainda que a fraseologia esteja<br />

ligeiramente alterada. Ele não reitera aqui as palavras usadas pelo<br />

profeta, mas toma <strong>de</strong>le a conclusão <strong>de</strong> que Deus lhes <strong>de</strong>ra espírito<br />

<strong>de</strong> entorpecimento, <strong>de</strong> modo que permanecessem embotados <strong>de</strong><br />

visão e <strong>de</strong> audição. Na verda<strong>de</strong>, o profeta é intimado a endurecer o<br />

coração do povo; Paulo, porém, <strong>de</strong>scobre o próprio cerne da questão,<br />

<strong>de</strong>clarando que uma brutal insensibilida<strong>de</strong> permeia todos os sentidos<br />

humanos, quando os homens são entregues a este <strong>de</strong>satino, a saber:<br />

a fim <strong>de</strong> que ataquem brutal e <strong>de</strong>sesperadamente a verda<strong>de</strong> [divina].<br />

Quando essa cega revolta se manifesta, sim, essa <strong>de</strong>mência em insistir<br />

em rejeitar a verda<strong>de</strong>, Paulo não a chama meramente <strong>de</strong> espírito<br />

<strong>de</strong> atordoamento, e, sim, <strong>de</strong> amargura. Ele <strong>de</strong>clara que os réprobos<br />

se acham tão alienados em seu estado mental, proveniente do juízo<br />

secreto <strong>de</strong> Deus, que se vêem perdidos em meio à estupefação, e se<br />

sentem incapazes <strong>de</strong> formar qualquer juízo sensato. A expressão,<br />

vendo não vêem, <strong>de</strong>nota o embotamento <strong>de</strong> seus sentidos.

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!