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Comentário de Romanos

Comentário de João Calvino no livro de Romanos.

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422 • Comentário <strong>de</strong> <strong>Romanos</strong><br />

obstante, fazer a justiça equivalente à remissão <strong>de</strong> pecados, mesmo<br />

à parte da exata obediência que a lei requer. A Palavra do Evangelho,<br />

portanto, a qual nos manda que não busquemos justificação nas<br />

obras, mas que abracemo-la quando nos é graciosamente oferecida<br />

pela fé, é suficiente para comunicar paz às mentes humanas e estabelecer<br />

sua [eterna] salvação.<br />

A palavra da fé é apresentada em termos metonímicos, significando<br />

a palavra da promessa, ou, seja: pelo próprio evangelho,<br />

visto estar ele conectado à fé. 6 O contraste entre lei e evangelho<br />

está subentendido, e <strong>de</strong>sta distinção <strong>de</strong>duzimos que, assim como a<br />

lei exige obras, o evangelho requer apenas que os homens exibam<br />

a fé a fim <strong>de</strong> que recebam a graça divina. A frase, que pregamos, é<br />

adicionada para prevenir contra alguma suspeita <strong>de</strong> que Paulo diferisse<br />

<strong>de</strong> Moisés. Ele <strong>de</strong>clara que no ministério do evangelho houve<br />

completa harmonia entre ele e Moisés, visto que este também pôs<br />

nossa felicida<strong>de</strong> na graciosa promessa da graça exclusiva <strong>de</strong> Deus.<br />

9. Porque, se com tua boca confessares. Aqui também Paulo faz<br />

uma alusão, e não propriamente uma tradução literal, pois é provável<br />

que Moisés tenha usado a palavra boca, fazendo uso <strong>de</strong> sinédoque,<br />

para significar face ou vista. A alusão do apóstolo à palavra boca era<br />

mui oportuna. Quando o Senhor põe sua Palavra diante <strong>de</strong> nossa<br />

face, ele certamente nos chama a fazer uma confissão <strong>de</strong>la. A Palavra<br />

do Senhor <strong>de</strong>ve produzir frutos on<strong>de</strong> ela se faz presente, e nossa<br />

confissão <strong>de</strong>sta Palavra é o fruto <strong>de</strong> nossos lábios.<br />

O ato <strong>de</strong> pôr confissão antes <strong>de</strong> fé é uma inversão <strong>de</strong> or<strong>de</strong>m muito<br />

comum na Escritura. A or<strong>de</strong>m teria sido melhor se a fé do coração<br />

tivesse sido posta em primeiro lugar, e a confissão da boca, que emana<br />

da fé, a seguisse. 7 Mas o cristão faz uma genuína confissão <strong>de</strong> Jesus<br />

como Senhor: este o adorna com seu próprio po<strong>de</strong>r, e aquele o reconhece<br />

como o único que foi dado pelo Pai e é <strong>de</strong>scrito no evangelho.<br />

6<br />

349<br />

É a ‘palavra’ que requer ‘fé’, e é recebida pela fé; ou é a palavra que dá direito à fé, digna<br />

<strong>de</strong> ser crida; ou é a palavra que gera e sustenta a fé.<br />

7 “Ele pôs a ‘boca’ antes do ‘coração’”, diz Pareus, “para seguir a or<strong>de</strong>m dada por Moisés, e<br />

é por essa razão que não conhecemos fé <strong>de</strong> outra maneira senão por meio <strong>de</strong> confissão.”

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