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Comentário de Romanos

Comentário de João Calvino no livro de Romanos.

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Capítulo 9 • 393<br />

será injusto, e o po<strong>de</strong>r que agora usa contra nós não passa <strong>de</strong> um<br />

abuso e não po<strong>de</strong> ser <strong>de</strong>tido.” Que resposta Paulo tem para este<br />

amontoado <strong>de</strong> indignação?<br />

20. Quem és tu, ó homem, para discutires com Deus? 21 Visto<br />

que no grego há um particípio que também po<strong>de</strong> ser posto no tempo<br />

presente, po<strong>de</strong>mos ler: que discutes, ou contestas, ou te empenhas<br />

a opor-te a Deus? A expressão grega contém o seguinte significado:<br />

“Quem és tu que <strong>de</strong>monstras tanto interesse em discutires com<br />

Deus?” O sentido, porém, não leva gran<strong>de</strong> diferença. 22 Nesta primeira<br />

resposta, Paulo simplesmente restringe a irreverência da blasfêmia,<br />

argüindo a partir da condição humana. Agora apresentará outra<br />

resposta, por meio da qual isentará a justiça divina <strong>de</strong> toda e qualquer<br />

acusação.<br />

É evi<strong>de</strong>nte que o apóstolo não encarece nenhuma outra causa<br />

acima da vonta<strong>de</strong> <strong>de</strong> Deus. A solução óbvia para o problema estava<br />

nas bases justas para a diferença. Por que, pois, ele não faz uso <strong>de</strong>sta<br />

breve resposta, senão que <strong>de</strong>stina à vonta<strong>de</strong> divina um lugar <strong>de</strong> muito<br />

mais proeminência, acima <strong>de</strong> qualquer outra causa? Se a objeção<br />

<strong>de</strong> que Deus reprova ou elege, em consonância com sua vonta<strong>de</strong>,<br />

aos que ele não honra com seu favor, ou àqueles a quem <strong>de</strong>monstra<br />

amor imerecido – se esta objeção fosse falsa, então Paulo não se teria<br />

omitido em refutá-la. Os ímpios alegam que os homens estariam<br />

isentos <strong>de</strong> culpa se porventura a vonta<strong>de</strong> divina tivesse o primeiro<br />

lugar em sua salvação ou em sua <strong>de</strong>struição. Paulo nega isso? Não!<br />

E por sua resposta ele confirma que Deus <strong>de</strong>termina tratar com os<br />

homens como lhe apraz. No entanto, os homens se erguem em sua<br />

21 ‘Mas’ não é suficientemente enfático aqui; μενου̑νγε; ‘sim, é verda<strong>de</strong>’, em 10.8; ‘realmente,<br />

sem dúvida’, em Lucas 11.28; ‘indubitavelmente’, em Filipenses 3.8; po<strong>de</strong> ser traduzido<br />

aqui ‘não somente isso, não exatamente’.<br />

22 “Quis es qui contendas judicio cum Deo”; τίς ε ὁ ἀνταποκρινόμενος, τῳ θεῳ; “que replica<br />

contra Deus”, é a tradução <strong>de</strong> Macknight e Stuart; “quem se interessa num <strong>de</strong>bate com<br />

Deus”; é o que Doddridge apresenta. O verbo ocorre uma vez em outro lugar [Lucas 14.6],<br />

e “respon<strong>de</strong> novamente” é nossa versão. Schleusner diz que ἀντὶ prefixado a verbos é às<br />

vezes redundante. Em Jó 16.8 e 32.12, este composto é usado pela Septuaginta simplesmente<br />

no sentido <strong>de</strong> respon<strong>de</strong>r, por hn. Ele o traduz aqui “cum Deo altercari – conten<strong>de</strong>r<br />

ou disputar com Deus.”

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