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Comentário de Romanos

Comentário de João Calvino no livro de Romanos.

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78 • Comentário <strong>de</strong> <strong>Romanos</strong><br />

23. E trocaram a glória do Deus incorruptível. Uma vez tendo<br />

imaginado Deus segundo o discernimento <strong>de</strong> seus sentidos carnais,<br />

foi-lhes impossível reconhecer o Deus verda<strong>de</strong>iro, porém inventaram<br />

um <strong>de</strong>us novo e fictício, ou, melhor, um fantasma mitológico. O que<br />

Paulo tem em mente é que trocaram a glória <strong>de</strong> Deus. Da mesma forma<br />

como alguém po<strong>de</strong>ria substituir um filho por outro, eles se afastaram<br />

do verda<strong>de</strong>iro Deus. Nem po<strong>de</strong>m ser escusados sob o pretexto <strong>de</strong> que<br />

crêem, não obstante, que Deus habita o céu, e que não consi<strong>de</strong>ram<br />

a ma<strong>de</strong>ira como sendo Deus, e, sim, como sendo sua imagem ou representação<br />

[pro simulacro], pois formar tão grosseira idéia <strong>de</strong> sua<br />

Majesta<strong>de</strong>, ao ponto <strong>de</strong> fazer uma imagem <strong>de</strong>le, se constitui num terrível<br />

insulto dirigido a Deus. Nenhum <strong>de</strong>les po<strong>de</strong> isentar-se da blasfêmia<br />

<strong>de</strong> tal pretensão, quer sejam sacerdotes, governantes ou filósofos. Até<br />

mesmo Platão, o mais primoroso entre eles, em sabedoria, procurou<br />

<strong>de</strong>linear alguma forma <strong>de</strong> Deus [formam in Deo].<br />

A total loucura para a qual voltamos a atenção aqui consiste<br />

em que todos os homens têm pretendido fazer para si próprios uma<br />

figura <strong>de</strong> Deus. Esta é uma sólida prova <strong>de</strong> que suas idéias acerca<br />

<strong>de</strong> Deus são grosseiras e irracionais. Em primeiro plano, eles têm<br />

maculado a Majesta<strong>de</strong> divina ao concebê-la <strong>de</strong> conformida<strong>de</strong> com a<br />

semelhança <strong>de</strong> homem corruptível (prefiro esta tradução em vez <strong>de</strong><br />

homem mortal, adotada por Erasmo), visto que Paulo confrontou não<br />

só a mortalida<strong>de</strong> humana com a imortalida<strong>de</strong> divina, mas também<br />

a glória divina incorruptível com a própria condição <strong>de</strong>plorável do<br />

homem. Além do mais, não se sentindo satisfeitos com tão profunda<br />

ofensa, eles ainda <strong>de</strong>sceram às mais vis bestialida<strong>de</strong>s, tornando<br />

ainda mais concreta sua estupi<strong>de</strong>z. O leitor po<strong>de</strong>rá ver uma <strong>de</strong>scrição<br />

<strong>de</strong>ssas práticas abomináveis em Lactâncio, Eusébio e Agostinho,<br />

este último em sua Cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Deus.<br />

24. Por isso Deus os entregou às luxúrias<br />

<strong>de</strong> seus corações para a [prática da]<br />

impureza, para que seus corpos fossem<br />

<strong>de</strong>sonrados entre si.<br />

24. Propterea tradidit illos Deus in<br />

cupiditates cordium suorum in immunditiem,<br />

ut ignominia afficerent<br />

corpora sua in seipsis:

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