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Comentário de Romanos

Comentário de João Calvino no livro de Romanos.

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496 • Comentário <strong>de</strong> <strong>Romanos</strong><br />

aplicando a vonta<strong>de</strong> <strong>de</strong> Deus. Portanto, na Igreja Cristã, nos tempos<br />

atuais, profecia é simplesmente o correto entendimento da Escritura<br />

e o dom particular <strong>de</strong> explicá-la, visto que todas antigas profecias<br />

e todos os oráculos divinos já foram concluídos em Cristo e seu<br />

evangelho. Paulo a entendia neste sentido, quando disse: “Eu quisera<br />

que vós todos falásseis em outras línguas; muito mais, porém, que<br />

profetizásseis” [1Co 14.5], e: “Conhecemos em parte, e em parte<br />

profetizamos” [1Co 13.9]. Não fica evi<strong>de</strong>nte se ele tencionava, aqui,<br />

consi<strong>de</strong>rar somente aquelas excelentes graças pelas quais Cristo<br />

adornou seu evangelho em seus primórdios. Vemos, ao contrário,<br />

que ele está se referindo simplesmente aos dons ordinários que<br />

permanecem perpetuamente na Igreja. 10<br />

Não creio ser suficientemente válida a objeção que <strong>de</strong>fen<strong>de</strong> a tese<br />

<strong>de</strong> que o apóstolo estaria direcionando inutilmente estas palavras<br />

àqueles que, por possuírem o Espírito <strong>de</strong> Deus, eram incapazes <strong>de</strong><br />

afirmar que Cristo era anátema. E noutra passagem [1Co 14.32], ele<br />

<strong>de</strong>clara que o espírito dos profetas está sujeito aos próprios profetas,<br />

e or<strong>de</strong>na que o primeiro orador fique em silêncio se alguma revelação<br />

é dada a alguém que se acha sentado. É possível, pois, que ele esteja<br />

aqui, pela mesma razão, admoestando os que profetizavam na Igreja,<br />

para que harmonizassem suas profecias à norma <strong>de</strong> fé, a fim <strong>de</strong> que<br />

não divagassem em algum ponto ou se <strong>de</strong>sviassem da linha reta. Pelo<br />

10 É um tanto difícil asseverar exatamente o que era essa ‘profecia’. A palavra ‘profeta’, aybn,<br />

evi<strong>de</strong>ntemente significa duas coisas no Velho Testamento, bem como no Novo Testamento:<br />

um vaticinador e um mestre, ou, melhor, um intérprete da Palavra. Profecia, no Novo<br />

Testamento, às vezes significa predição, seu significado primário [At 12.27; 2Pe 1.21; Ap<br />

1.3]; porém, mais comumente, como geralmente se pensa, é a interpretação <strong>de</strong> profecia,<br />

isto é, das profecias contidas no Velho Testamento, e para essa obra havia alguns na Igreja<br />

primitiva, como se supõe, que eram inspirados e assim peculiarmente qualificados. É<br />

provável que esse tipo <strong>de</strong> profecia é o que está em pauta aqui. Vejam-se 1 Coríntios 12.10;<br />

13.2, 8; 14.3, 6, 22; 1 Tessalonicenses 5.20.<br />

À luz <strong>de</strong> Efésios 4.11, é evi<strong>de</strong>nte que era uma função distinta daquela dos apóstolos,<br />

evangelistas, pastores e mestres; e da interpretação <strong>de</strong> línguas, como surge <strong>de</strong> 1 Coríntios<br />

12.10; e da revelação, conhecimento e doutrina, como encontramos em 1 Coríntios 14.6.<br />

Também parece que era mais útil do que outros dons extraordinários, como tendia a<br />

promover mais conforto e edificação [1Co 14.1, 3]. Daí ser mais provável que fosse o dom<br />

já <strong>de</strong>clarado, aquele <strong>de</strong> interpretar as Escrituras, especialmente as profecias do Velho<br />

Testamento, e aplicá-las para a edificação da Igreja. ‘Profetas’ são expressos em seguida<br />

para ‘apóstolos’ em Efésios 4.11.

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