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Comentário de Romanos

Comentário de João Calvino no livro de Romanos.

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Capítulo 4 • 179<br />

instituir este ato para servir <strong>de</strong> exemplo, e para que a salvação<br />

não se restringisse a sinais externos. 9<br />

Para vir a ser o pai <strong>de</strong> todos os que crêem. Notemos bem agora<br />

como a circuncisão <strong>de</strong> Abraão confirma nossa fé na justiça gratuita.<br />

A circuncisão é o ato <strong>de</strong> selar a justiça [proce<strong>de</strong>nte] da fé, a fim <strong>de</strong><br />

que esta justiça pu<strong>de</strong>sse ser-nos também imputada, nós que cremos.<br />

Assim, com inusitada habilida<strong>de</strong>, Paulo volta contra seus oponentes<br />

as mesmas objeções que po<strong>de</strong>riam ter-lhe lançado em rosto. Se a<br />

própria verda<strong>de</strong> e a significação da circuncisão po<strong>de</strong>m ser encontradas<br />

na incircuncisão, então não há base alguma para que os ju<strong>de</strong>us<br />

ostentem tanta soberba contra os gentios.<br />

Entretanto, fica ainda uma possível dúvida: Devemos nós<br />

também seguir o exemplo <strong>de</strong> Abraão e confirmar a mesma justiça<br />

por meio do sinal da circuncisão? Se a resposta for positiva, por<br />

que então o apóstolo <strong>de</strong>ixou <strong>de</strong> mencionar tal coisa? Certamente<br />

porque ele enten<strong>de</strong>u que suas observações estabeleciam a questão.<br />

Ao ficar estabelecido que a circuncisão serve somente para<br />

selar a graça <strong>de</strong> Deus, segue-se que ela não nos é <strong>de</strong> nenhum<br />

proveito hoje, pois temos um sinal divinamente instituído em<br />

seu lugar. Portanto, visto que agora a circuncisão não é mais<br />

necessária on<strong>de</strong> existe o batismo, Paulo não se sentia disposto<br />

a enfrentar uma disputa supérflua sobre um assunto que já estava<br />

estabelecido, ou, seja: por que a justiça da fé não <strong>de</strong>veria<br />

9 A palavra ‘sinal’, nesta passagem, σημεον, não parece significar um emblema externo <strong>de</strong><br />

algo interno, mas uma marca, a própria circuncisão, que era impressa, por assim dizer,<br />

como uma marca na carne. Assim Macknight a traduz: “A marca da circuncisão.” É evi<strong>de</strong>nte<br />

que a circuncisão era um sinal ou símbolo do que era espiritual. Mas isso não é o<br />

que se ensina aqui. A circuncisão é expressamente chamada “um emblema” ou um sinal<br />

em Gênesis 17.11; mas lemos que ela era “um emblema do pacto”, isto é, uma prova e<br />

uma evidência <strong>de</strong>le. O sinal da circuncisão é expresso pela próxima palavra, σφραγίδα,<br />

selo. Este às vezes significava o instrumento [1Rs 21.8]; e às vezes a impressão [Ap 5.1];<br />

e a impressão era usada para vários propósitos – fechar um documento; assegurar uma<br />

coisa; e também confirmar um acordo. É tomada aqui no último sentido. A circuncisão<br />

era um ‘selo’, uma confirmação, uma evidência, uma prova, ou um penhor: “da justiça”<br />

obtida “pela fé”. Em Gênesis não encontramos alguma afirmação distinta <strong>de</strong>sse tipo; isso<br />

é o que o apóstolo tinha <strong>de</strong>duzido, e corretamente <strong>de</strong>duzido, do relato que nos <strong>de</strong>u do<br />

que aconteceu entre Deus e Abraão.

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