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Comentário de Romanos

Comentário de João Calvino no livro de Romanos.

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304 • Comentário <strong>de</strong> <strong>Romanos</strong><br />

O apóstolo afirma em termos claros que os nossos pecados<br />

foram expiados pela morte <strong>de</strong> Cristo, visto que era impossível que<br />

a lei nos conferisse a justiça. Daqui se infere que muito mais nos<br />

é or<strong>de</strong>nado na lei do que somos capazes <strong>de</strong> fazer. Se fôssemos<br />

capazes <strong>de</strong> cumprir a lei, não teria sido necessário buscar remédio<br />

em outra fonte. Portanto, é simplesmente absurdo medir a força<br />

humana pelos preceitos da lei, como se Deus, ao or<strong>de</strong>nar o que<br />

é justo, houvera consi<strong>de</strong>rado o caráter e a extensão <strong>de</strong> nossas<br />

faculda<strong>de</strong>s.<br />

No que estava enferma pela carne. Para que ninguém imaginasse<br />

que o apóstolo estava sendo irreverente, acusando a lei <strong>de</strong> enferma,<br />

ou restringindo-a às simples observâncias cerimoniais, ele expressamente<br />

afirma que esta <strong>de</strong>fecção não era <strong>de</strong>vido a alguma falha na<br />

lei, e, sim, às corrupções <strong>de</strong> nossa carne. É preciso admitir que, se<br />

alguém pu<strong>de</strong>sse satisfazer a lei divina em termos absolutos, então<br />

o mesmo seria justo diante <strong>de</strong> Deus. Portanto, o apóstolo não nega<br />

que a lei seja suficiente para justificar-nos no que respeita à doutrina,<br />

visto que a mesma contém a norma perfeita <strong>de</strong> justiça. Contudo,<br />

visto que nossa carne não atinge essa justiça, todo o po<strong>de</strong>r da lei<br />

falha e se <strong>de</strong>svanece. Por isso não é difícil refutar o erro ou, antes, a<br />

ilusão daqueles que imaginam que Paulo está privando somente as<br />

cerimônias da virtu<strong>de</strong> <strong>de</strong> justificar. Porquanto Paulo expressamente<br />

põe a culpa em nós mesmos, e <strong>de</strong>clara que ele não encontra falha<br />

na própria doutrina da lei.<br />

Além do mais, é preciso que entendamos a enfermida<strong>de</strong> da<br />

lei no sentido em que o apóstolo usualmente toma a palavra<br />

ἀσθενέας, a qual significa não simplesmente uma leve fraqueza,<br />

e, sim, impotência. Ele adota este sentido com o fim <strong>de</strong> enfatizar<br />

que justificar 5 não é absolutamente a função da lei. Vemos, pois,<br />

que estamos inteiramente excluídos da justiça <strong>de</strong> Cristo, visto<br />

que não po<strong>de</strong> haver justiça em nós mesmos. Tal conhecimento é<br />

5 O adjetivo τὸ ἀσθενὲς se aplica ao mandamento em Hebreus 7.18. “Impotente, ineficaz” são<br />

termos usados por Grotius; “<strong>de</strong>stituído <strong>de</strong> força”, por Beza; e “fraco”, por Erasmo.

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