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Comentário de Romanos

Comentário de João Calvino no livro de Romanos.

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142 • Comentário <strong>de</strong> <strong>Romanos</strong><br />

sa promessa da lei. Paulo, pois, correta e sabiamente, não argumenta<br />

com base nas obras, simplesmente, mas faz uma referência distinta<br />

e explícita à observação da lei, a qual era propriamente o tema <strong>de</strong><br />

sua discussão. 21<br />

Os argumentos exemplificados por outros escolásticos em apoio<br />

<strong>de</strong> sua opinião são mais fracos do que <strong>de</strong>veriam ser. Sustentam<br />

que a menção da circuncisão é oferecida como um exemplo que se<br />

relaciona somente com as cerimônias. Entretanto, já explicamos<br />

por que Paulo mencionou a circuncisão, pois somente os hipócritas<br />

são dominados pela confiança em suas próprias obras, e sabemos<br />

o quanto se vangloriam apenas nas aparências externas. A circuncisão,<br />

também, segundo o ponto <strong>de</strong> vista <strong>de</strong>les, era uma espécie <strong>de</strong><br />

iniciação na justiça da lei, e portanto parecia-lhes, ao mesmo tempo,<br />

uma obra da mais elevada honra, e <strong>de</strong>veras tornou-se a base da<br />

justiça das obras. Eles se opõem à circuncisão baseando-se no que<br />

Paulo diz na Epístola aos Gálatas, on<strong>de</strong>, ao tratar do mesmo tema,<br />

faz referência somente às cerimônias. Seu argumento, contudo, não<br />

é suficientemente forte para alcançarem o que preten<strong>de</strong>m. Paulo<br />

estava discutindo com aqueles que inspiravam no povo uma falsa<br />

confiança nas cerimônias; e, a fim <strong>de</strong> remover tal confiança, ele não<br />

se limita apenas às cerimônias, nem discute especificamente seu<br />

valor, senão que inclui toda a lei, como po<strong>de</strong>mos <strong>de</strong>scobrir à luz das<br />

passagens que são todas oriundas <strong>de</strong>sta fonte. A disputa mantida<br />

pelos discípulos, em Jerusalém, era da mesma natureza.<br />

Temos, contudo, sobejas razões para crer que Paulo está falando,<br />

aqui, <strong>de</strong> toda a lei. Somos fortemente corroborados pelo fio <strong>de</strong> raciocínio<br />

que temos seguido até aqui, ao qual continuaremos a seguir.<br />

Há muitas outras passagens que não nos permitem pensar <strong>de</strong> outra<br />

21 O argumento e raciocínio do apóstolo parecem requerer que ἐξ ἔργων νόμου seja traduzido<br />

aqui leteralmente: “por obras da lei”, sem o artigo, como a palavra ‘lei’ aparece aqui,<br />

segundo o curso do argumento, para significar lei em geral, quer natural, quer revelada;<br />

e διὰ νόμου na cláusula do texto <strong>de</strong>ve ser consi<strong>de</strong>rado como tendo o mesmo significado; a<br />

lei da natureza, tanto quanto a lei escrita, ainda que não na mesma extensão, <strong>de</strong>smascara<br />

o pecado. Este é o ponto <strong>de</strong> vista assumido por Pareus, Doddridge, Macknight, Stuart e<br />

Haldane.

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