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Comentário de Romanos

Comentário de João Calvino no livro de Romanos.

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Capítulo 3 • 161<br />

faz necessária à salvação) se esten<strong>de</strong> a todos. Portanto, pelo nome<br />

Deus é comunicada a mútua relação que com freqüência se menciona<br />

na Escritura: “Vós sereis o meu povo, e eu serei o vosso Deus”<br />

[Jr 30.22]. O fato <strong>de</strong> que, por um certo tempo, Deus escolheu para<br />

si um povo particular, não invalidou o princípio da criação, <strong>de</strong> que<br />

toda a humanida<strong>de</strong> fora formada segundo a imagem <strong>de</strong> Deus e foi<br />

sendo educada no mundo para a esperança <strong>de</strong> uma eternida<strong>de</strong> feliz.<br />

30. Justificará 40 por fé o circunciso, e através da fé o incircunciso.<br />

Ao dizer que alguns são justificados pela fé, e outros, através da<br />

fé, é provável que tenha permitido uma varieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> expressões com<br />

o fim <strong>de</strong> enfatizar a mesma verda<strong>de</strong>, visando a tocar <strong>de</strong> passagem a<br />

insensatez dos ju<strong>de</strong>us que imaginavam haver certa distinção on<strong>de</strong><br />

há tão gran<strong>de</strong> similarida<strong>de</strong>. Sou, portanto, <strong>de</strong> opinião que as palavras<br />

expressam ironia, como se dissesse: “Se porventura alguém <strong>de</strong>seja<br />

fazer alguma diferença entre gentios e ju<strong>de</strong>us, que seja a seguinte: os<br />

ju<strong>de</strong>us obtêm a justiça pela fé, e os gentios, através da fé.” Entretanto,<br />

é possível que a seguinte distinção seja preferível, a saber: que os<br />

ju<strong>de</strong>us são justificados pela fé em razão <strong>de</strong> terem nascido como os<br />

her<strong>de</strong>iros da graça, quando o direito <strong>de</strong> adoção lhes é transmitido<br />

através dos pais; porém, no tocante aos gentios, são eles justificados<br />

através da fé em razão <strong>de</strong> o pacto ter-lhes vindo <strong>de</strong> fora.<br />

31. Anulamos, pois, a lei, pela fé? Não,<br />

<strong>de</strong> maneira nenhuma, antes confirmamos<br />

a lei.<br />

31. Legem igitur irritam facimus per<br />

fi<strong>de</strong>m? Ne ita sit: sed Legem stabilimus.<br />

31. Anulamos, pois, a lei, pela fé? Quando a lei é confrontada<br />

com a fé, a carne imediatamente suspeita <strong>de</strong> haver alguma incompatibilida<strong>de</strong><br />

entre ambas, como se uma fosse contrária à outra. Este<br />

mal-entendido prevalece particularmente entre aqueles cujas mentes<br />

40 O futuro ce<strong>de</strong> lugar ao presente – “quem justifica”–, segundo o modo da linguagem hebraica,<br />

ainda que alguns consi<strong>de</strong>rem que o dia do juízo esteja em pauta; mas ele parece<br />

falar <strong>de</strong> um ato presente, ou, como diz Grotius, <strong>de</strong> um ato contínuo, o qual os hebreus<br />

expressavam pelo tempo futuro.

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