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Comentário de Romanos

Comentário de João Calvino no livro de Romanos.

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Capítulo 8 • 305<br />

especialmente necessário, porque jamais seremos vestidos com<br />

a justiça <strong>de</strong> Cristo, a menos que antes saibamos com certeza que<br />

não possuímos em nós qualquer justiça que mereça chamar-se<br />

nossa. A palavra carne é sempre usada no mesmo sentido, significando<br />

nós próprios. A corrupção, pois, <strong>de</strong> nossa natureza torna<br />

a lei <strong>de</strong> Deus <strong>de</strong> nenhuma utilida<strong>de</strong> para nós. Embora nos mostre<br />

o caminho da vida, ela não nos impe<strong>de</strong> <strong>de</strong> nos precipitarmos <strong>de</strong><br />

ponta cabeça na morte.<br />

Isso fez Deus enviando seu próprio Filho. Ele agora mostra<br />

a maneira como nosso Pai celestial nos restaurou à justiça por<br />

intermédio <strong>de</strong> seu Filho. O Pai con<strong>de</strong>nou o pecado na carne <strong>de</strong><br />

Cristo, ou seja: ao cancelar o escrito <strong>de</strong> dívida [Cl 2.14], ele aboliu<br />

a culpa que nos mantinha con<strong>de</strong>nados na presença <strong>de</strong> Deus.<br />

A con<strong>de</strong>nação proveniente do pecado nos trouxe para a justiça,<br />

porque, visto que nossa culpa foi <strong>de</strong>sfeita, estamos absolvidos, <strong>de</strong><br />

sorte que Deus nos consi<strong>de</strong>ra justos. Em primeiro lugar, contudo,<br />

Paulo afirma que Cristo foi enviado, a fim <strong>de</strong> lembrar-nos que a<br />

justiça <strong>de</strong> forma alguma resi<strong>de</strong> em nós, já que <strong>de</strong>vemos buscá-la<br />

nele. É em vão que os homens confiam em seus próprios méritos,<br />

porquanto são justos somente através do beneplácito <strong>de</strong> outro,<br />

ou se apropriam da justiça proce<strong>de</strong>nte da expiação que Cristo<br />

efetuou em sua carne. Cristo, diz ele, veio na semelhança <strong>de</strong> carne<br />

pecaminosa. Embora a carne <strong>de</strong> Cristo fosse incontaminada por<br />

qualquer mancha, ela tinha a aparência <strong>de</strong> pecaminosida<strong>de</strong>, visto<br />

que levava em si o castigo <strong>de</strong>vido aos nossos pecados. Certamente,<br />

a morte manifestava, na carne <strong>de</strong> Cristo, cada partícula <strong>de</strong><br />

seu po<strong>de</strong>r, como se sua carne se sujeitasse [espontaneamente] à<br />

morte. Visto que nosso Sumo Sacerdote tinha que apren<strong>de</strong>r, <strong>de</strong><br />

experiência própria, o que significa participar da fraqueza [Hb<br />

4.15], aprouve a Cristo carregar nossas enfermida<strong>de</strong>s, a fim <strong>de</strong><br />

po<strong>de</strong>r inclinar-se para nós com mais compaixão. Neste aspecto,<br />

também, transpareceu nele uma certa semelhança [imago] com<br />

a nossa natureza pecaminosa.

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