27.05.2014 Views

Comentário de Romanos

Comentário de João Calvino no livro de Romanos.

Comentário de João Calvino no livro de Romanos.

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

394 • Comentário <strong>de</strong> <strong>Romanos</strong><br />

ira a fim <strong>de</strong> conten<strong>de</strong>r com Deus, mas sem qualquer proveito, visto<br />

que ele tem direito <strong>de</strong> impor a suas criaturas o que é <strong>de</strong> seu agrado.<br />

Os que dizem que Paulo, sem razão alguma e sem saber o que<br />

respon<strong>de</strong>r, recorreu a subterfúgios e reprovações, estão dolosamente<br />

a caluniar o próprio Espírito Santo. O apóstolo não queria<br />

senão começar ou lançar mão do que podia servir-lhe para manter<br />

a eqüida<strong>de</strong> e retidão <strong>de</strong> Deus, visto não haver sido compreendidas.<br />

De fato, ele suavizará seu segundo argumento <strong>de</strong> tal maneira que<br />

não po<strong>de</strong>rá <strong>de</strong>duzir-se <strong>de</strong>le uma <strong>de</strong>fesa plena, senão que, para provar-nos<br />

a justiça divina, nos dirá que precisamos consi<strong>de</strong>rá-la com<br />

humilda<strong>de</strong> e reverência.<br />

Ele tomou, pois, a vereda mais a<strong>de</strong>quada para admoestar os<br />

homens sobre sua própria condição, dizendo: “Visto que és homem,<br />

<strong>de</strong>ves reconhecer por ti mesmo que não passas <strong>de</strong> pó e cinza. Por<br />

que, pois, conten<strong>de</strong>s com o Senhor acerca daquilo que longe estás<br />

<strong>de</strong> compreen<strong>de</strong>r?” Em suma, o apóstolo não introduziu em sua discussão<br />

o que po<strong>de</strong>ria ter dito, mas o que nossa ignorância po<strong>de</strong>ria<br />

aceitar. Os presunçosos são rancorosos, porque, ao admitirem que<br />

os homens são rejeitados ou escolhidos pelo secreto conselho <strong>de</strong><br />

Deus, Paulo não oferece nenhuma explicação, como se o Espírito<br />

<strong>de</strong> Deus fosse silencioso por carência <strong>de</strong> razão, e não por querer<br />

admoestar-nos através <strong>de</strong> seu silêncio – um mistério que nossas<br />

mentes não po<strong>de</strong>m compreen<strong>de</strong>r, mas que <strong>de</strong>veria nos constranger<br />

a prestar-lhe reverente adoração. E assim ele freia a perversida<strong>de</strong> da<br />

curiosida<strong>de</strong> humana. Saibamos, pois, que Deus <strong>de</strong>ixa <strong>de</strong> falar-nos, não<br />

por qualquer razão, mas pelo fato <strong>de</strong> saber que sua infinita sabedoria<br />

não po<strong>de</strong> ser compreendida <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> nossa tacanha capacida<strong>de</strong>. E<br />

assim, apiedando-se <strong>de</strong> nossa fragilida<strong>de</strong>, ele nos convida ao cultivo<br />

da mo<strong>de</strong>ração e da sobrieda<strong>de</strong>.<br />

Porventura po<strong>de</strong> o objeto perguntar a quem o fez? Como vemos,<br />

Paulo continua insistindo sobre a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> consi<strong>de</strong>rarmos<br />

justa a vonta<strong>de</strong> <strong>de</strong> Deus, embora po<strong>de</strong> ser que a razão para isso nos<br />

esteja oculta. Ele mostra que Deus é usurpado <strong>de</strong> seu direito, caso

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!