27.05.2014 Views

Comentário de Romanos

Comentário de João Calvino no livro de Romanos.

Comentário de João Calvino no livro de Romanos.

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

364 • Comentário <strong>de</strong> <strong>Romanos</strong><br />

freqüência obscurecem a luz da verda<strong>de</strong>, consciente e voluntariamente,<br />

ainda que não seja com a intenção direta <strong>de</strong> enganar. Jurar<br />

pelo nome <strong>de</strong> Deus, no estrito sentido do termo, significa invocá-lo<br />

como testemunha para a confirmação daquilo que <strong>de</strong>sperta dúvida,<br />

e ao mesmo tempo para sujeitarmo-nos a seu veredicto, caso o que<br />

dizemos seja falso.<br />

2. Que tenho gran<strong>de</strong> tristeza. É bastante habilidosa a interrupção<br />

que o apóstolo faz <strong>de</strong> seu discurso antes <strong>de</strong> <strong>de</strong>clarar o tema.<br />

Não era ainda oportuno mencionar abertamente a <strong>de</strong>struição da<br />

nação judaica. Po<strong>de</strong>-se igualmente adicionar que, ao proce<strong>de</strong>r assim,<br />

ele está <strong>de</strong>monstrando um profundo grau <strong>de</strong> tristeza, visto que<br />

expressões elípticas geralmente indicam profunda comoção. Mas,<br />

oportunamente <strong>de</strong>clarará a causa <strong>de</strong> sua tristeza, assim que tiver<br />

confirmado mais satisfatoriamente sua sincerida<strong>de</strong>.<br />

A agonia que o apóstolo sentia tão profundamente por causa da<br />

<strong>de</strong>struição dos ju<strong>de</strong>us, a qual, sabia ele, procedia da vonta<strong>de</strong> e providência<br />

<strong>de</strong> Deus, nos ensina que a obediência que prestamos à providência<br />

divina não nos impe<strong>de</strong> <strong>de</strong> sentirmos tristezas pela perdição<br />

<strong>de</strong> indivíduos dissolutos, ainda que saibamos que são con<strong>de</strong>nados<br />

à ruína [eterna] pelo justo juízo <strong>de</strong> Deus. A mesma mente é capaz<br />

<strong>de</strong> experimentar estas duas emoções, ou, seja: ao olhar para Deus,<br />

se compraz com a ruína daqueles a quem ele <strong>de</strong>terminou <strong>de</strong>struir;<br />

porém, ao volver seus pensamentos para os homens, condói-se <strong>de</strong>les,<br />

ao mirar sua miséria. Portanto, enganam-se completamente os<br />

que exigem dos santos uma indiferença estóica ante o sofrimento,<br />

e mórbida insensibilida<strong>de</strong> ante a dor, ἀπάθειαν καὶ ἀναλγησίαν, para<br />

não dizer que estão a resistir ao <strong>de</strong>creto divino.<br />

3. Porque eu mesmo <strong>de</strong>sejaria ser anátema. O apóstolo não po<strong>de</strong>ria<br />

ter expressado seu amor com mais intensa veemência do que<br />

o faz à luz da presente afirmação. Este é o amor perfeito, o qual não<br />

foge nem mesmo <strong>de</strong> sua própria morte em favor da salvação <strong>de</strong> um<br />

amigo. Mas a palavra que ele adiciona – anathema – revela que sua<br />

referência não se limita só à morte temporal, mas também abrange

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!