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Comentário de Romanos

Comentário de João Calvino no livro de Romanos.

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556 • Comentário <strong>de</strong> <strong>Romanos</strong><br />

quanto mais fortes somos em Cristo, tanto mais obrigados somos<br />

<strong>de</strong> apoiar os fracos. 1<br />

Quando afirma que o cristão não <strong>de</strong>ve buscar seu próprio <strong>de</strong>leite,<br />

ele quer dizer que este não <strong>de</strong>ve canalizar seus esforços visando<br />

a sua satisfação pessoal, como costuma ser o caso daqueles que<br />

vivem contentes com seu próprio critério sem revelar qualquer<br />

preocupação pelos <strong>de</strong>mais. Esta admoestação é muito oportuna ao<br />

presente tema. Nada faz mais para obstruir ou <strong>de</strong>longar nosso serviço<br />

prestado a outras pessoas do que o excessivo egoísmo que nos<br />

leva a negligenciá-las e a seguir nossos próprios planos e <strong>de</strong>sejos.<br />

2. Que cada um <strong>de</strong> nós agra<strong>de</strong> a seu próximo. Ele nos ensina<br />

aqui que somos obrigados a buscar os interesses dos outros, e<br />

portanto é nosso <strong>de</strong>ver dar-lhes satisfação e aquiescer-lhes. Não<br />

há exceção: <strong>de</strong>vemos aquiescer às necessida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> nossos irmãos<br />

quando temos condição <strong>de</strong> fazê-lo segundo a Palavra <strong>de</strong> Deus, visando<br />

a sua edificação.<br />

Há duas proposições expressas aqui: (1) Não <strong>de</strong>vemos contentar-nos<br />

com nosso próprio juízo, nem aquiescer aos nossos próprios<br />

<strong>de</strong>sejos, senão que <strong>de</strong>vemos, em todas as ocasiões, labutar e esforçar-<br />

-nos para agradar a nossos irmãos. (2) Quando <strong>de</strong>sejarmos aquiescer<br />

às necessida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> nossos irmãos, então que olhemos para Deus,<br />

para que nosso objetivo seja a edificação <strong>de</strong>les. A maioria dos homens<br />

nunca fica satisfeita, a não ser que se satisfaçam seus <strong>de</strong>sejos. Mas<br />

se quisermos agradar muitos <strong>de</strong>les, nossa preocupação não estará<br />

concentrada tanto em sua salvação, mas sobretudo em suportar seus<br />

<strong>de</strong>svarios. Devemos, pois, levar em conta não o que lhes é conveniente,<br />

mas o que buscam para sua própria ruína; nem <strong>de</strong>vemos esforçar-nos<br />

por agradar àqueles cujo único prazer é sua própria malda<strong>de</strong>.<br />

1 A palavra para ‘forte’ é δυνατοὶ, ‘capaz’, a qual Calvino traduz potente, po<strong>de</strong>roso ou capaz.<br />

Os fortes eram mais avançados em conhecimento e em pieda<strong>de</strong>. Tinham que ‘suportar’,<br />

βαστάζειν, no sentido <strong>de</strong> levar ou sustentar as <strong>de</strong>bilida<strong>de</strong>s dos fracos, impotentium, ‘os<br />

incapazes’, ἀδυνάτων, os que eram incapazes <strong>de</strong> levar seus próprios fardos. O <strong>de</strong>ver não<br />

é meramente suportar ou tolerar a fraqueza (pois esse não é o significado do verbo), mas<br />

socorrer e ajudar os fracos e os débeis a levá-la. A tradução mais literal é:<br />

“Então o que é capaz <strong>de</strong>ve suportar (ou levar) as <strong>de</strong>bilida<strong>de</strong>s dos incapazes.”

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