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Comentário de Romanos

Comentário de João Calvino no livro de Romanos.

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Capítulo 10 • 417<br />

genuína justiça [proce<strong>de</strong>nte] das obras é, com justa razão, própria<br />

e peculiarmente atribuída a Moisés, assim como é também sua função<br />

revelar a natureza da remuneração que aguarda aqueles que a<br />

observam, e que só punição espera aqueles que a transgri<strong>de</strong>m. Por<br />

essa razão o próprio Moisés é por João contrastado com Cristo,<br />

quando diz: “A lei foi dada por Moisés, mas a graça e a verda<strong>de</strong><br />

foram dadas por Cristo” [Jo 1.17]. Sempre que a palavra lei é usada<br />

neste sentido restrito, Moisés é implicitamente contrastado com<br />

Cristo. Devemos, pois, ver o que a lei contém em si mesma quando<br />

é separada do evangelho. Portanto, o que digo aqui sobre a justiça<br />

[proce<strong>de</strong>nte] da lei <strong>de</strong>ve ser referido não a todo o ofício <strong>de</strong> Moisés,<br />

mas àquela parte <strong>de</strong>le que lhe fora peculiarmente confiada. Agora<br />

tratarei das palavras propriamente <strong>de</strong> Paulo.<br />

5. Ora, Moisés escreveu. Paulo tem γράφει, ‘escrever’, mas o<br />

verbo <strong>de</strong>ve ser consi<strong>de</strong>rado com o prefixo ἐπιγράφει, ‘<strong>de</strong>screver’. A<br />

passagem é extraída <strong>de</strong> Levítico 18.5, on<strong>de</strong> o Senhor promete vida<br />

eterna àqueles que guardarem sua lei. Vemos que Paulo também<br />

consi<strong>de</strong>rou a passagem neste sentido, e não apenas no sentido <strong>de</strong><br />

vida temporal, como alguns querem. O apóstolo pon<strong>de</strong>ra assim<br />

em relação à passagem <strong>de</strong> Levítico: “Visto que ninguém alcança a<br />

justiça prescrita pela lei, a não ser que cumpra perfeitamente todas<br />

as partes <strong>de</strong>la, e visto que todos os homens estiveram sempre<br />

distantes <strong>de</strong> tal perfeição, é <strong>de</strong>bal<strong>de</strong> que alguém se esforce por<br />

alcançar a salvação por esta via. Israel, pois, estava completamente<br />

equivocado em esperar ser capaz <strong>de</strong> obter a justiça [proce<strong>de</strong>nte] da<br />

lei, porquanto nos achamos todos excluídos <strong>de</strong>la.” Devemos ainda<br />

observar como ele argumenta, partindo da própria promessa, que a<br />

lei não nos é <strong>de</strong> nenhum préstimo, em <strong>de</strong>corrência <strong>de</strong> nossa condição<br />

tornar impossível a prática da mesma. Citar as promessas da lei a<br />

fim <strong>de</strong> estabelecer a justiça [proveniente] das obras é uma sutileza<br />

completamente ilusória. Se pusermos nossa confiança nelas, nos<br />

afastamos muitíssimo da possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> alcançar a salvação, e<br />

ainda a maldição seguramente nos aguarda. Muitíssimo <strong>de</strong>testável

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