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Comentário de Romanos

Comentário de João Calvino no livro de Romanos.

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Capítulo 1 • 63<br />

A fim <strong>de</strong> conseguir algum fruto entre vós. Paulo, indubitavelmente,<br />

está fazendo referência àquele fruto em razão do qual os<br />

apóstolos foram enviados pelo Senhor a recolherem, a saber: “Eu<br />

vos escolhi e vos <strong>de</strong>signei para que va<strong>de</strong>s e <strong>de</strong>is fruto, e vosso fruto<br />

permaneça” [Jo 15.16]. Ele consi<strong>de</strong>ra esse fruto como sendo <strong>de</strong>le,<br />

embora não o tenha ajuntado para si próprio, e, sim, para o Senhor.<br />

Não há melhor qualificação <strong>de</strong> um cristão senão que ele viva para<br />

promover a glória do Senhor, glória essa à qual toda sua felicida<strong>de</strong> se<br />

acha conectada. Ele os lembra <strong>de</strong> que recolhera esse fruto entre os<br />

<strong>de</strong>mais gentios, a fim <strong>de</strong> inspirar nos romanos a esperança <strong>de</strong> que seu<br />

encontro com eles não seria improdutivo, visto que o mesmo havia<br />

sido muito vantajoso a tantos gentios.<br />

14. Tanto a gregos como a bárbaros. A qualificação <strong>de</strong> sábios e<br />

ignorantes explica o significado <strong>de</strong> gregos e bárbaros. Erasmo o traduziu<br />

por cultos e incultos, o que constitui boa tradução, naturalmente,<br />

mas preferi reter as próprias palavras <strong>de</strong> Paulo. O apóstolo, portanto,<br />

argumenta partindo <strong>de</strong> seu próprio ofício para mostrar por meio <strong>de</strong><br />

sua firmeza que era capaz <strong>de</strong> instruir os romanos, contudo muitos dos<br />

que excediam em cultura, prudência e habilida<strong>de</strong> não <strong>de</strong>viam acusá-<br />

-lo <strong>de</strong> arrogância, visto que ao Senhor agradou fazê-lo um <strong>de</strong>vedor até<br />

mesmo a sábios. 26<br />

Há dois pontos a serem consi<strong>de</strong>rados aqui. O primeiro consiste em<br />

que o evangelho foi <strong>de</strong>stinado e oferecido aos sábios pelo mandamento<br />

<strong>de</strong> Deus, a fim <strong>de</strong> que o Senhor pu<strong>de</strong>sse sujeitar a si toda a sabedoria<br />

<strong>de</strong>ste mundo e levar todo talento e toda espécie <strong>de</strong> ciência, bem como<br />

a sublimida<strong>de</strong> <strong>de</strong> todas as artes, a ce<strong>de</strong>rem lugar à natureza simples <strong>de</strong><br />

sua instrução. Os sábios são reduzidos ao mesmo nível com os ignorantes<br />

e feitos tão docilmente receptivos, que po<strong>de</strong>m tolerar a posição <strong>de</strong><br />

26 Chalmers parafraseia o texto assim: “Sinto-me obrigado, ou estou sob obrigação, imposta<br />

pelos <strong>de</strong>veres <strong>de</strong> meu ofício, <strong>de</strong> pregar tanto a gregos como a bárbaros; tanto a sábios<br />

como a incultos.”<br />

Na fraseologia mo<strong>de</strong>rna, as palavras po<strong>de</strong>m ser assim traduzidas: “Sou <strong>de</strong>vedor tanto a<br />

civilizados quanto a incivilizados; tanto a eruditos quanto a iletrados.” Os dois últimos<br />

termos não são exatamente paralelos aos dois primeiros, visto existir muitos iletrados<br />

entre os gregos, bem como civilizados entre os bárbaros.

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