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Comentário de Romanos

Comentário de João Calvino no livro de Romanos.

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Capítulo 3 • 129<br />

que todos os mistérios divinos são aos olhos dos mortais tremendos<br />

paradoxos, sua audácia chega a tal ponto que não hesitam insurgir-se<br />

contra eles e insolentemente os atacam só pelo fato <strong>de</strong> não entendê-<br />

-los. Por isso somos lembrados <strong>de</strong> que, se realmente <strong>de</strong>sejamos ter a<br />

capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> compreen<strong>de</strong>r tais mistérios, então que nos esforcemos<br />

para <strong>de</strong>svencilhar-nos <strong>de</strong> nossa própria razão, e sejamos <strong>de</strong>votados<br />

e entreguemo-nos <strong>de</strong> corpo e alma em obediência a sua Palavra. O<br />

termo ira, usado aqui no sentido <strong>de</strong> juízo, indica punição, como se<br />

dissesse: “Deus seria porventura injusto em punir os pecados que<br />

põem em relevo sua justiça?”<br />

6. Certamente que não [literalmente: “Deus me livre!”, ou: “Deus<br />

não o permita!”]. Com o fim <strong>de</strong> refrear tal blasfêmia, ele não dirige<br />

uma resposta frontal à objeção, senão que começa manifestando<br />

sua aversão em relação a ela, a fim <strong>de</strong> que a religião cristã não pareça<br />

estar associada a absurdos tão nefandos. Esta expressão <strong>de</strong><br />

repugnância é muito mais forte do que qualquer simples negação<br />

que viesse a adotar, porquanto o que preten<strong>de</strong> ele aqui é que esta<br />

irreverente expressão seja olhada com horror, e nem sequer seja<br />

ouvida. Logo a seguir acrescenta o que po<strong>de</strong>mos <strong>de</strong>nominar <strong>de</strong> refutação<br />

indireta, porquanto não remove <strong>de</strong> todo a calúnia, mas afirma,<br />

como resposta, que a objeção <strong>de</strong>les era algo estapafúrdio. Além do<br />

mais, ele extrai um argumento <strong>de</strong> uma das funções do próprio Deus<br />

com o fim <strong>de</strong> provar sua impossibilida<strong>de</strong> – Deus julgará o mundo.<br />

Portanto, é impossível seja ele injusto.<br />

Este argumento não está baseado, como alguns o enten<strong>de</strong>m, no<br />

mero po<strong>de</strong>r <strong>de</strong> Deus, e, sim, em seu po<strong>de</strong>r ativo [e eficaz], o qual<br />

resplan<strong>de</strong>ce em todo o curso e or<strong>de</strong>m <strong>de</strong> suas obras. O significado<br />

é que a função <strong>de</strong> Deus consiste em julgar o mundo, ou, seja: em<br />

estabelecê-lo por meio <strong>de</strong> sua justiça e trazer à melhor or<strong>de</strong>m toda e<br />

qualquer <strong>de</strong>sor<strong>de</strong>m que porventura nele exista. Portanto, é impossível<br />

que Deus <strong>de</strong>termine algo <strong>de</strong> forma injusta. Tudo indica que Paulo<br />

está fazendo aqui alusão à passagem que se encontra em Moisés [Gn<br />

18.25], na qual lemos que, enquanto Abraão ora a Deus pedindo que

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