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Comentário de Romanos

Comentário de João Calvino no livro de Romanos.

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Capítulo 2 • 97<br />

palavras ira, indignação, tribulação e angústia, no contexto, se aplicam<br />

a duas classes distintas. Isso, entretanto, <strong>de</strong> forma alguma confun<strong>de</strong><br />

o significado da passagem, e <strong>de</strong>vemos aceitar esse fato nos escritos<br />

apostólicos. A eloqüência po<strong>de</strong>rá ser aprendida <strong>de</strong> outros escritores;<br />

pois aqui, sob um estilo literário singelo, carente <strong>de</strong> refinamento, <strong>de</strong>ve-se<br />

esperar encontrar tão-somente a sabedoria espiritual. 6<br />

O termo faccionismo, aqui mencionado, significa rebeldia e obstinação,<br />

pois Paulo se vê conten<strong>de</strong>ndo com hipócritas que <strong>de</strong>bocham <strong>de</strong><br />

Deus, que proce<strong>de</strong>m com base em sua vulgar e insensível indiferença.<br />

6 Com respeito à construção <strong>de</strong>sta passagem [vv. 6-11], po<strong>de</strong>-se observar que ela é formada<br />

segundo o método <strong>de</strong> paralelismo hebraico, muitos exemplos dos quais encontramos<br />

mesmo nos escritos <strong>de</strong> prosa do Novo Testamento. Nenhum dos antigos, tampouco<br />

alguns dos mo<strong>de</strong>rnos, antes do tempo do Bispo Lowth, enten<strong>de</strong>u muito do caráter peculiar<br />

do estilo hebraico. Todas as anomalias, notadas por Calvino, instantaneamente<br />

se <strong>de</strong>svanecem quando a passagem é assim arranjada para exibir a correspondência <strong>de</strong><br />

suas diferentes partes. Consiste em duas porções gerais; a primeira inclui estes versículos<br />

[6, 7, 8]; a outra, os três versículos restantes. As mesmas coisas estão incluídas<br />

principalmente em ambas as porções, somente na última há algumas coisas adicionais e<br />

explicativas, e a outra é revertida; <strong>de</strong> modo que a passagem termina com o que correspon<strong>de</strong><br />

a seu início. Para ver o todo numa forma conectada, é necessário traçar em linhas<br />

da seguinte maneira:<br />

6. Que retribuirá a cada um segundo suas obras,<br />

7. Aos que <strong>de</strong>veras, perseverando em fazer o bem,<br />

Buscam glória e honra e imortalida<strong>de</strong>,<br />

Vida eterna;<br />

8. Mas haverá para os que são contenciosos,<br />

E não obe<strong>de</strong>cem à verda<strong>de</strong>, porém obe<strong>de</strong>cem à iniqüida<strong>de</strong>,<br />

Indignação e ira.<br />

Então seguem as mesmas coisas, sendo a or<strong>de</strong>m revertida:<br />

9. Infortúnio e angústia estarão<br />

Sobre a alma do homem que pratica o mal,<br />

Sobre o ju<strong>de</strong>u primeiro, e então sobre o grego;<br />

10. Glória e honra e paz, porém,<br />

Para todos quantos praticam o bem,<br />

Para o ju<strong>de</strong>u primeiro, então para o grego;<br />

11. Porque para Deus não há acepção <strong>de</strong> pessoas.<br />

A idéia na última e na primeira linha é essencialmente a mesma. Esta repetição é com o<br />

intuito <strong>de</strong> produzir uma impressão. O caráter do justo, na primeira parte, é que, perseverando<br />

em fazer o bem, busca glória, honra e imortalida<strong>de</strong>; e sua recompensa será vida<br />

eterna. O caráter do ímpio é o <strong>de</strong> ser contencioso, <strong>de</strong>sobediente à verda<strong>de</strong> e obediente<br />

à injustiça; e sua recompensa será indignação e ira. O caráter do primeiro, na segunda<br />

parte, é que pratica o bem; e do outro, que pratica o mal. E a recompensa do primeiro é<br />

glória, honra e paz; e a recompensa do outro, infortúnio e angústia, que são os efeitos da<br />

indignação e da ira, como a glória, honra e paz são os frutos ou as partes constitutivas da<br />

vida eterna. Deve-se observar que a priorida<strong>de</strong> na felicida<strong>de</strong>, tanto quanto a priorida<strong>de</strong> na<br />

miséria, é atribuída ao ju<strong>de</strong>u.

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