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Comentário de Romanos

Comentário de João Calvino no livro de Romanos.

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222 • Comentário <strong>de</strong> <strong>Romanos</strong><br />

“Assim como por um só homem entrou o pecado no mundo inteiro, e<br />

a morte entrou através do pecado, também por meio <strong>de</strong> um só homem<br />

a justiça retornou, e a vida retornou através da justiça.” A afirmação<br />

<strong>de</strong> Paulo <strong>de</strong> que Adão foi um tipo <strong>de</strong> Cristo não <strong>de</strong>ve surpreen<strong>de</strong>r-<br />

-nos, pois até as coisas que parecem contraditórias conservam entre<br />

si alguma semelhança. Portanto, visto que estamos todos perdidos<br />

através do pecado <strong>de</strong> Adão, e restaurados através da justiça <strong>de</strong> Cristo,<br />

então Adão não é impropriamente chamado tipo <strong>de</strong> Cristo. Notemos,<br />

contudo, que Adão não é chamado tipo do pecado, nem Cristo é chamado<br />

tipo da justiça, como se eles nos tivessem precedido só através<br />

<strong>de</strong> seu exemplo. Ambos são, ao contrário, contrastados, e <strong>de</strong>vemos<br />

notar isso a fim <strong>de</strong> evitarmos cair no mal-entendido e <strong>de</strong>veras tão<br />

terrível erro <strong>de</strong> Orígenes, que teoriza sobre a corrupção da humanida<strong>de</strong><br />

em termos filosóficos e não cristãos. Ao proce<strong>de</strong>r assim, ele não<br />

simplesmente enfraquece, mas quase <strong>de</strong>strói inteiramente a graça <strong>de</strong><br />

Cristo. Erasmo <strong>de</strong>ve ser ainda menos perdoado, visto que se esforçou<br />

por justificar tão grosseiro equívoco.<br />

15. Todavia, não é assim o dom gratuito<br />

como a ofensa; porque, se pela<br />

ofensa <strong>de</strong> um só morreram muitos,<br />

muito mais a graça <strong>de</strong> Deus, e o dom<br />

pela graça <strong>de</strong> um só homem, Jesus<br />

Cristo, foi abundante sobre muitos.<br />

15. Sed non sicut <strong>de</strong>lictum, ita et donum;<br />

nam si unius <strong>de</strong>licto 15 multi<br />

mortui sunt, multo magis gratia Dei<br />

et donum Dei em gratia, quæ fuit<br />

unius hominis Christi, in multos<br />

abundavit.<br />

15 Delicto – falta, παράπτωμα – erro, queda, transgressão. Talvez a última seja a palavra preferível<br />

aqui. Às vezes é traduzida no plural, ‘transgressões [Mt 18.35; 2Co 5.19; Ef 2.1].<br />

Macknight a traduz aqui por ‘queda’, mas a maioria por ‘ofensa’. A comparação aqui é<br />

entre o pecado <strong>de</strong> um, que produziu morte, e a graça <strong>de</strong> Deus através <strong>de</strong> outro, que traz o<br />

‘dom’ da vida; E a diferença, “muito mais”, parece referir-se à exuberância da graça pela<br />

qual o homem é soerguido a um estado mais elevado que aquele do qual Adão caiu. “Um<br />

pouco abaixo dos anjos” ficou o homem em sua primeira criação; ele é, pela exuberância<br />

da graça, soerguido a um estado tão sublime como o dos anjos, se não mais elevado; ou<br />

po<strong>de</strong>mos tomar “muito mais” como presumindo o po<strong>de</strong>r mais elevado da graça em recuperar<br />

o que fora <strong>de</strong>struído. O pecado é o ato do homem, e resulta em morte; mas a graça<br />

é o ato <strong>de</strong> Deus, e portanto, com maior certeza, resultará em vida.<br />

“A vida <strong>de</strong> Adão <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> sua queda foi mesmo como um morrer lento, o qual alcançou<br />

sua completação em sua morte física; O ζωοποίησις da humanida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Cristo é também<br />

gradual, a importância do qual está na glorificação do corpo.” – Olshausen.

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