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Comentário de Romanos

Comentário de João Calvino no livro de Romanos.

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532 • Comentário <strong>de</strong> <strong>Romanos</strong><br />

contudo, jamais haviam aprendido tais coisas, e por isso recusavam<br />

sujeitar-se a tal jugo, porquanto não tinham nenhuma afinida<strong>de</strong> com<br />

tais costumes. 1<br />

Os homens são natural e <strong>de</strong>masiadamente inclinados a <strong>de</strong>slizar<br />

<strong>de</strong> uma diferença <strong>de</strong> opinião para uma disputa acirrada ou controvérsia.<br />

O apóstolo, pois, mostra como os que mantêm opiniões distintas<br />

po<strong>de</strong>m viver juntos sem <strong>de</strong>savença. Portanto, aqui ele prescreve a<br />

melhor maneira <strong>de</strong> se fazer isso. Aqueles que possuem maior resistência<br />

<strong>de</strong>vem empregá-la na assistência aos fracos; enquanto que<br />

aqueles que alcançaram maior progresso <strong>de</strong>vem enfrentar com paciência<br />

os inexperientes. Caso Deus nos faça mais fortes que outros,<br />

ele não nos faz robustos com o fim <strong>de</strong> oprimirmos os fracos. Nem<br />

tampouco é próprio da sabedoria cristã usar <strong>de</strong> insolência com o fim<br />

<strong>de</strong> menosprezar a alguém. Assim, pois, ele volve suas observações<br />

para os mais experientes e para os que já se acham confirmados.<br />

Estes estão em maior obrigação <strong>de</strong> auxiliar a seu próximo [fraco],<br />

visto que já receberam do Senhor maior medida <strong>de</strong> graça.<br />

Não, porém, para [discutir] assuntos polêmicos. 2 Esta frase é<br />

incompleta, visto estar faltando o verbo necessário para completar<br />

o sentido. É evi<strong>de</strong>nte, contudo, que Paulo quis dizer simplesmente<br />

que os fracos não <strong>de</strong>vem ser molestados com discussões <strong>de</strong>sgastantes.<br />

Por isso é bom nos lembrarmos das hipóteses das quais ele<br />

então passa a tratar. Ainda quando muitos dos ju<strong>de</strong>us se achavam<br />

1 Alguns, como Haldane, têm achado falha nessa classificação, como nada havendo no<br />

capítulo que a contenha. Mas, como o objetivo do apóstolo, por toda a epístola, era conciliar<br />

ju<strong>de</strong>us e gentios, há razão suficiente para consi<strong>de</strong>rá-los como os dois partidos aqui<br />

pretendidos. E como Chalmers com razão observa, é mais provável que os gentios fossem<br />

os <strong>de</strong>sprezadores, visto que os ju<strong>de</strong>us que, como Paulo, tinham vencido seus preconceitos,<br />

estavam sem dúvida dispostos a olhar com simpatia para seus irmãos.<br />

2 Non ad disceptationes quæstionum, μὴ εἰς διακρίσεις διαλογισμω̑ν; “non ad altercationes disceptationum<br />

– não para altercações <strong>de</strong> disputas” ou <strong>de</strong>bates, Beza; “não para <strong>de</strong>bates<br />

sobre questões duvidosas”, Doddridge; “não para envolver-se em disputas triviais”, Macknight.<br />

Ambas as palavras estão no plural; portanto não se po<strong>de</strong> dar à primeira o sentido<br />

<strong>de</strong> ‘julgar’, como faz Hodge; pois nesse caso ela estaria no singular. As palavras po<strong>de</strong>m ser<br />

traduzidas “não para as soluções <strong>de</strong> dúvidas”. Um dos significados da primeira palavra,<br />

segundo Hesychius, é διάλυσις – <strong>de</strong>samarrar, liberar, dissolver; e para a última, vejam-se<br />

Lucas 24.38 e 1 Timóteo 2.8.

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